Egito – Imaginem um pátio... lugar de encontro de culturas e de povos

19 abril 2017

(ANS – O Cairo) – O P. Dany Kerio é o Diretor da Comunidade salesiana de O Cairo Zaytoun, empenhada num Centro-oratório e numa Paróquia que acompanha muitos jovens egípcios e sul-sudaneses. Ao P. Dany fizemos algumas perguntas.

O pátio do oratório é realmente um lugar de encontro de culturas e de povos...?

O nosso oratório é frequentado por meninos de rua, por órfãos, por filhos dos operários e também por rapazes de classe media…: tanto ortodoxos quanto católicos, quanto alguns protestantes. Há além disso sul-sudaneses, refugiados ou prófugos, de tribos e etnias inimigas no Sudão do Sul, mas que aqui convivem bastante serenamente. Quantos preconceitos foram derribados pelo conhecimento recíproco!

Há também muita pobreza?

A pobreza no Egito sempre foi grande. Imaginem agora, depois de seis anos sem turismo, sem ajudas dos EUA e dos países do Golfo; e com a tragédia da Líbia. Não gostaria de falar dos tantos que vão catar comida no lixo.

Como se vive a Fé no Egito?

Muitos veem a Missa pela TV e os programas das emissoras cristãs, praticam o jejum... Mas ao mesmo tempo está mui difundida a pornografia, o desinteresse, a indiferença, a mentira. As palavras mais usadas são: malesh (não tem importância), bokra (farei amanhã…) e zorouf (tudo culpa da situação…).

Há depois a Fé verdadeira! Muitos vivem o cristianismo como serviço aos outros; pagam o dízimo; e fazem tantas outras coisas. Conheço uma pessoa que perdeu a mulher e a mãe no atentado à igreja de El-Botroseya. Quandofui apresentar-lhe as condolências me disse: “Abuna (Padre), eu as invejo: no dia anterior se haviam confessado e queriam comprar os vestidinhos para a minha futura filhinha. Entretanto disseram: vamos antes receber a bênção de Deus… e foram realmente para... Ele. Felizes delas!”.

O Papa Francisco estará no Egito no fim de abril…

Sua viagem quer levar solidariedade a todo o Egito, a muçulmanos e a cristãos. O Papa Francisco já pôs abaixo tantos muros e preconceitos. É uma boa ocasião também de colaboração entre Igreja e Governo, Igreja e muçulmanos, católicos, Ortodoxos.

Falou-nos de rapazes refugiados sul-sudaneses…

Infelizmente agora todos falam da Síria... Antes falavam do Iraque. Mas nunca falam das demais guerras, das guerras “esquecidas”… Não bastaria um livro para contar quanta tragédia eles vivem aqui, com tanto racismo contra os negros, os Cristãos e, mais ainda, os Católicos.

InfoANS

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