VI E VIVI O SONHO MISSIONÁRIO DE DOM BOSCO
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13 junho 2018

Queridos irmãos e amigos, escrevo de Asunción, capital do Paraguay. Há uma hora estava ainda no Chaco paraguayo, onde passei três dias muito intensos, belos, cheios de experiências. Pude saudar e conviver com muitos povos nativos. Este era o meu objetivo. Foi isto que pedi. Queria ir encontrar-me e saudar os povos originários com os quais os meus irmãos salesianos e irmãs Filhas de Maria Auxiliadora partilharam a vida, nalguns casos durante setenta anos.

Passei algumas horas na cidade de Chamacocos no Alto Paraguay, na região próxima de Fuerte Olimpo. Depois de uma longa viagem chegámos à cidade de Carmelo Peralta, onde pude passar uma manhã inteira com as comunidades de Ayoreo. E, por fim, depois de uma volta de três horas de canoa pelo rio Paraguay, que faz fronteira entre Paraguay e Brasil, e uma vagem cheia de aventuras pelas estradas alagadas de Puerto Casado, conseguimos encontrar-nos com as comunidades do Povo Maskoy.

Sinto o coração cheio de felicidade e de autêntica emoção. E posso confessar-vos com toda a sinceridade que o sonho missionário, que preencheu muitas noites de Dom Bosco e que por uma encantadora inspiração começou mesmo na Patagónia, continua vivo. Vi-o e vivi-o. Poderia dizer: entrei no sonho de Dom Bosco.

Vi o seu reflexo nos olhos e no sorriso das pessoas que encontrei: mostravam sincera gratidão pelos mais de setenta anos de presença salesiana entre eles dos salesianos e das salesianas. Parecia-me ouvir de novo a narrativa do sonho de Dom Bosco tal como é reportado nas Memórias Biográficas: «Queria fazê-los recuar, quando vi que a sua chegada encheu de alegria os habitantes daquele lugar que puseram de parte a sua agressividade e acolheram os nossos Missionários com todos os sinais de cortesia. E vi que os nossos Missionários iam ao encontro daquelas populações, istruindo-as e sendo escutados de bom grado por elas; ensinavam-nas e elas punham em práticas os seus ensinamentos. Estive a observar, e dei-me conta que os Missionários rezavam o terço, enquanto os nativos, correndo de todos os lados, abriam alas à sua passagem e de bom grado respondiam àquela oração. Passado algum tempo, os Salesianos foram colocar-se no centro daquela multidão que os circundou, e ajoelharam-se. Aqueles homens, depondo as armas no chão aos pés dos Missionários, ajoelharam-se também eles. E então um dos Salesianos entoou: “Louvai a Maria, ó línguas fiéis…”, e todas aquelas turbas, a uma só voz, continuaram o cântico de louvor, tão em uníssono e com uma voz tão forte que eu, quase assustado, acordei. Este sonho causou-me muita impressão, pensando que era um aviso celeste».

Posso assegurar-vos que viver no Chaco é muito difícil. Se ainda hoje é, imaginem como seria há cinquenta ou mais anos. Pude dar um abraço fraterno e cheio de orgulho a diversos irmãos salesianos que trabalharam no Chaco Paraguayo durante 40, 42, 51 anos. Às vezes com temperaturas de 45 graus e com uma humidade sufocante. E a sua opção por Jesus tomou simplesmente o nome de Chamacoco, Ayoreo, Maskoy.

Fiquei muito impressionado quando os seus chefes, os Caciques, me disseram que os únicos brancos que tinham aceitado estar com eles e partilhar a sua vida foram os nossos missionários, porque os não consideravam perigosos e viam a sua leal humanidade.

Estes nossos irmãos e irmãs, trinta anos antes de que a educação pública estatal tomasse em consideração os povos nativos, tinham já fundado escolas para eles e tinham-nos apresentado a exame nas escolas do Estado e assim tinham conseguido entrar no ensino superior. Entre os Ayoreo de Maria Auxiliadora em Puerto Casado, o diretor da escola, Óscar, foi um daqueles jovens. Hoje é um feliz pai de família. Também entre os Maskoy, o chefe Cacique estudou na escola salesiana de Puerto Casado. E também os seus filhos. Dois deles frequentam atualmente a universidade de Asunción. Sorrindo, disse-me que, quando era pequeno, o seu primeiro professor tinha sido o missionário salesiano padre Martin. E passados tantos anos, Martin estava ali, comigo.

Como não pensar como Dom Bosco se sentiria orgulhoso dos seus filhos e das suas filhas?

Combateram ao lado das populações nativas para recuperar a terra que era deles. Há alguns anos, os missionários salesianos moveram este mundo e o outro para obter dois mil hectares de terras a juntar às já obtidos pelos Ayoreo. E a mesma luta repetiu-se com o povo Moskoy, que agora conseguiu recuperar as terras que tinha perdido.

Tudo isto revivi, juntamente com a forte fé destas pessoas simples, uma fé em Nossa Senhora e no bom Deus. Uma fé em Deus Pai e em Jesus.

E uma esperança: há quem pense que estes povos estão em extinção. Há quem se sentiria feliz com a sua extinção. Graças a Deus, ao invés, há povos que continuam a refazer-se e a aumentar em número. As crianças crescem sãs, estudam e são educadas a ser mais livres e já ninguém pode violar os seus direitos nem enganá-las.

Por isso afirmo, hoje: creio no Sonho Missionário de Dom Bosco. TOQUEI-O COM AS MINHAS MÃOS.

Auguro-vos todo o bem possível, também a estes povos que com a sua vida tantas lições nos dão.

InfoANS

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