Itália – Adeus ao Padre Luigi Melesi, o “padre da prisão” que tirou as armas das “Brigadas Vermelhas”

11 julho 2018

(ANS – Lecco) – Como autêntico Filho espiritual de Dom Bosco jamais se resignou a considerar irrecuperável nem mesmo o pior dos delinquentes buscando sempre “aquele ponto acessível ao bem” de onde iniciar uma mudança de rumo. Depois de uma vida gasta dessa maneira, faleceu ontem, terça-feira, 10 de julho, em Lecco, o P. Luigi Melesi.

Nascido em Cortenova em 1933, ainda durante o seu itinerário formativo viveu a missão salesiana entre os jovens do reformatório “Ferrante Aporti”, de Turim. Nos anos 1960-1967 trabalhou no centro salesiano de Arese, confiado aos Salesianos pela Associação Nacional Beccaria depois de ter sido prisão de menores. Em 1967 levou o primeiro grupo de 25 jovens ao Brasil, dando início, com os PP. Ugo De Censi e Bruno Ravasio, à “Operação Mato Grosso”.

Depois do retorno à Itália e o serviço como diretor em Darfo, retornou a Arese, e enquanto continuava a acompanhar os jovens que lhe eram enviados pelos tribunais de menores de toda a Itália, foi chamado pelo então arcebispo de Milão, cardeal Giovanni Colombo, para trabalhar como capelão na prisão “San Vittore” de Milão.

Ali, o P. Melesi serviu por 30 anos, encontrando presidiários de todas as raças e religiões, sendo amigo e irmão deles. Naquele serviço atrás das grades conheceu terroristas, ladrões, assassinos, delinquentes, mas também muita gente simples, presos por crimes comuns. Seu estilo consistia em nunca colocar no centro o crime, mas a pessoa.

A entrega das armas, um verdadeiro e próprio arsenal, pelos terroristas das “Brigadas Vermelhas”, que se deu na sede da arquidiocese em 13 de junho de 1984 nas mãos do cardeal Carlo Maria Martini – de quem o P. Melesi foi íntimo colaborador e conselheiros – foi precedida, de fato, pela sua preciosa e indispensável obra de acompanhamento e mediação.

Compartilhou, nos últimos anos, a sua experiência com conferências, encontros, reuniões e várias publicações – entre os quais o livro-entrevista “Padre da prisão”, de Silvio Valota.

Reconhecendo seus dotes de comunicador, em 2013, a Universidade Pontifícia Salesiana de Roma conferiu-lhe a láurea Honoris Causa em Ciências da Comunicação.

Sua herança espiritual pode ser condensada em algumas de suas célebres expressões: “Não é possível ajudar uma pessoa a mudar a vida para melhor, a não ser colocando-se do seu lado, a não se ser assumindo a sua história... Uma pessoa, para ser boa, deve sentir-se amada”.

InfoANS

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