Serra Leoa – “Saí convencido de que muitos sabem que morrerão na prisão mais desumana do mundo, apesar da jovem idade”
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03 maio 2017

(ANS – Freetown) – Alberto López é um jornalista espanhol do Departamento de Comunicação da Procuradoria Missionária Salesiana de Madri. Há poucos dias visitou uma das prisões mais desumanas do mundo, com a finalidade de preparar as tomadas para um documentário sobre o trabalho dos Salesianos com os jovens mais pobres de Serra Leoa.

Quem jamais poderia imaginar que uma prisão em Serra Leoa não tivesse telecâmeras de segurança, que na área de controle interno do pátio, entre as barracas e os presidiários, os guardas depois do almoço se pusessem a dormir com o uniforme desalinhado, que dezenas de presidiários, nus, ficassem espalhados pelo pátio, tomando banho com baldes de água, e que os presos condenados à morte se vestissem de preto com um grande “C” costurado nos uniformes... Eu jamais o sonhara: estive novamente por duas horas na prisão denominada “inferno na terra”...

Minha primeira visita acontecera graças a um Salesiano que me apresentara como um grande benfeitor europeu que doava muito dinheiro à prisão. O pretexto era crível porque Don Bosco Fambul é a única organização que entra livremente na prisão e tem um pequeno prédio para se ocupar de um grupo de presos, muitos dos quais jovens e doentes, em todo caso, todos fracos e malnutridos.

Aquela visita permitiu-me ver como alguns simples muros e um recinto no centro da cidade pudessem fazer a situação e os direitos dos prisioneiros voltarem décadas atrás. Vi situações assustadoras, que permanecem como sempre.

O único fotógrafo que pôde entrar, anos atrás, foi Fernando Moleres, que documentou com imagens que transmitem dor e desespero. Desde então é vedado entrar com máquinas fotográficas ou celulares.

Nesta ocasião, na minha segunda visita, o meu papel foi o de assistente do médico-enfermeiro, o missionário salesiano que tenta levar um pouco de Céu ao inferno da prisão: P. Jorge Crisafulli. Com um equipamento volumoso, rico de compartimentos cheios de todos os remédios, testes e equipamentos médicos, entramos na prisão, para fazer um reconhecimento de tudo e viver outra experiência indescritível na qual o sofrimento se mistura com a resignação e a apatia dos presidiários e também com a gratidão de qualquer gesto de atenção.

Saí convencido de que muitos sabem que morrerão na prisão mais desumana do mundo, apesar da jovem idade. 

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