Era o dia 22 de março de 1948: o 'Borgo Ragazzi Don Bosco' começava oficialmente a sua história. Foram muitos os “sciuscià” (< deformação napolitana do inglês ‘shoes+shine’, lit. ‘sapatos+lustrar’, ou ‘engraxar’), meninos de rua – ou engraxates – , de Roma, que no segundo pós-guerra acharam finalmente um alojamento, um local de paz, uma família. O Borgo completou 70 anos e hoje como então, nas mudadas condições sociais, continua uma “casa de paz para os jovens”.
Em 1948, enquanto a Constituição reconstruía os valores basilares da democracia e do bem comum que a guerra havia destruído, obras como o ’Borgo Ragazzi Don Bosco' refaziam, através da educação/instrução, jovens destruídos e privados de afeto...
No passado 17 de maio alguns dos nossos rapazes foram recebidos pelo Presidente da República Sergio Mattarella, que os acolheu; e eles Lhe falaram, fazendo notar quantos paralelos existem entre os valores fundamentais da Carta Constitucional e o que se faz no Borgo, mas também alertando que alguns direitos infelizmente ainda não estão sendo reconhecidos, especialmente para os jovens com maiores dificuldades e, dentre esses, especialmente para os que são estrangeiros. O Presidente admitiu tudo isso, embora fazendo reconhecer que muito caminho já foi andado para que algumas tutelas que a Constituição previa em favor dos adolescentes fossem especificadas por sucessivos tratados; e também fazendo reconhecer que é necessário continuar a velar para que sejam em todos os lugares concretamente respeitadas.
Na semana precedente, em 9 de maio, com cerca de 250 entre Jovens, Agentes, Formadores e Amigos do Borgo, estávamos na Audiência Geral do Santo Padre. Também o Papa Francisco, encontrando-se com uma delegação deles, no final da Audiência, convidou-os a não perder a juvenilidade, quer dizer: “não perder a esperança” – um magnífico encorajamento, que vale para os jovens e para os menos jovens.
‘70 anos’ é muito tempo: foram milhares os adolescentes que passaram pelas salas de aulas, pela formação profissional, pelo oratório e, nos últimos 20 anos, quer pela Casa-Família, quer pelo Centro de menores. Mudaram os cenários, as procedências, as pobrezas... Só não mudou a paixão educativa com que buscamos dar-lhes uma mão.
A nossa missão é clara e, com frequência, também pressionada por uma Sociedade habituada a “descartar” aqueles jovens que desacertaram no ritmo da marcha... Eles não têm voz para pedir ajuda: nós tentamos oferecer-lha.
Porque é preciso continuar a investir na esperança.
