Brasil - Políticas públicas: como os salesianos trabalham o tema da CF 2019

12 março 2019

(ANS - São Paulo)No dia 6 de março, Quarta-feira de Cinzas, a Igreja inicia a Quaresma, tempo de reflexão e conversão, e com ela a Campanha da Fraternidade que, neste ano, tem como tema “Fraternidade e políticas públicas” e o lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça”.

A Campanha da Fraternidade (CF) foi criada em 1962 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), influenciada pelas ideias renovadoras do Concílio Vaticano II, mas realizada pela primeira vez em 1964, sendo o tema e o lema “Igreja em renovação” e “Lembre-se: Você também é Igreja”, respectivamente.

Durante a CF, somos chamados a conhecer o tema, a refletir de modo a nos conscientizarmos sobre sua importância e a realizar ações concretas. Para isso, a Igreja propõe o método Ver-Julgar-Agir, e dispõe de subsídios, sendo o principal o Texto-base. Outros subsídios, como o Jovens na CF, destinado aos grupos de jovens, e os subsídios para o trabalho pastoral nas escolas e ensino superior podem ser utilizados nas realidades salesianas.

Políticas públicas

Podemos entender políticas públicas como ações, programas e diretrizes do Estado, voltadas para garantir direitos previstos na Constituição Federal e em outras leis, influenciando diretamente a vida dos cidadãos. Em geral, se desenvolvem pelas demandas da sociedade representada por seus diversos grupos, que exercem pressão para que leis, projetos e ações sejam criados para resolver os problemas da população.

Por exemplo: as populações de determinados bairros que se unem para reivindicar mais vagas em creches, pressionando a prefeitura e fazendo com que creches sejam construídas ou sejam firmados convênios com instituições particulares para atender gratuitamente a demanda. Ou o movimento estudantil, que ao pressionar o poder público obteve o direito à meia-entrada em eventos culturais.

Temas importantes sobre segmentos específicos, como assistência social, juventude, educação, direitos humanos, entre outros, que são decididos em conselhos, conferências, comissões e grupos de trabalho, os chamados organismos de controle social, também influenciam diretamente as políticas públicas.

Como os salesianos participam

Quando Dom Bosco iniciou seu trabalho com os meninos pobres de Turim, em 1841, o fez, entre outros motivos, porque o Estado italiano não tratava esse público de modo adequado. Infelizmente, a existência de jovens em situação de vulnerabilidade não era e continua não sendo limitada à Itália, e pela salvação da juventude os Salesianos de Dom Bosco estão presentes em centenas de países, em todos os continentes.

No Brasil, são 127 obras sociais que compõem a Rede Salesiana Brasil de Ação Social (RSB-Social). Entre os serviços estão: educação infantil, centros para criança e adolescentes, capacitação profissional, cumprimento de medidas socioeducativas e abrigo institucional. Muitos desses serviços são oferecidos por meio de convênios com os governos locais para responder a uma demanda social a que, sozinho, o poder público não conseguiria responder. O diferencial salesiano está na forma como crianças e jovens são atendidos, no carinho destinado a eles e na pedagogia praticada, baseada no Sistema Preventivo de Dom Bosco que une razão, religião e afeto.

“No horizonte das políticas públicas, a atuação da Família Salesiana e de todos os colaboradores protagonistas da ação social sempre foi pautada por uma efetiva colaboração nos conselhos municipais, estaduais e federais de Assistência Social, Direito das Crianças e Adolescentes, Educação, entre outros. Nossa atuação carismática sempre colaborou e continuará apontando para o horizonte do desenvolvimento integral do ser humano, principalmente os mais vulneráveis”, afirma o padre Sérgio Augusto Baldin Júnior, que foi animador inspetorial da dimensão da Ação Social na Inspetoria Salesiana de Nossa Senhora Auxiliadora (São Paulo) entre os anos de 2012 e 2014. “O carisma salesiano supõe que os projetos e intervenções políticas, bem como sua estruturação, sejam promotores de um maior protagonismo, a ser despertado nos diversos cenários sociais, principalmente o juvenil”, completa o sacerdote.

A Inspetoria opera 16 obras sociais no Estado de São Paulo, compondo o Polo São Paulo da RSB-Social junto às obras das Filhas de Maria Auxiliadora (FMA). Essas obras são responsáveis por beneficiar mais de 20 mil pessoas anualmente, e não somente crianças e jovens, mas suas famílias e outros adultos.

Assim como no cenário nacional, a maioria das obras sociais salesianas do Estado matém algum tipo de convênio com os governos estadual e/ou municipal. “É inegável o quanto Salesianos e Salesianas investem financeiramente para a manutenção de todo este trabalho, mas seria inviável manter o atendimento continuado de tantos beneficiários sem o apoio de recursos provenientes das políticas públicas municipais, estaduais e federais nas áreas de assistência social, educação, cultura e esporte”, relata a animadora do Polo São Paulo da RSB-Social e assessora da Obra Social São João Bosco, de Campinas, Ana Lúcia da Silva Batista.

Conselhos de direitos da Criança e do Adolescente

Também a participação em conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente é muito valorizada por religiosos e educadores como forma de fazer valer os direitos de crianças e jovens. “Diante do nosso grande desafio, a partir da identidade carismática e nossos compromissos fundamentais construídos coletivamente, somos conduzidos para a promoção da ação social salesiana em rede, fortalecendo o carisma salesiano nas diversas realidades em cada território, visando o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens”, afirma Carlos Nambu, assessor da RSB-Social e que, desde 2002, representa os salesianos em diversos espaços, entre eles o Conselho Municipal de Assistência Social (COMAS) de São Paulo e o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONDECA).

“Ao participar desses espaços democráticos, as organizações se inserem nas principais pautas e discussões que têm relação com a missão salesiana, favorecendo o melhor aproveitamento de recursos, posicionamentos mais coerentes dos órgãos da administração pública e a garantia de direitos dos destinatários da ação social desenvolvida”, conclui a animadora da RSB-Social.

As políticas públicas também são abordadas sob uma ótica salesiana no UNISAL (Centro Universitário Salesiano de São Paulo), nos cursos de Direito, Pedagogia e Serviço Social. “No curso de Direito a questão das políticas públicas tem grande apelo, afinal, no dia a dia, tanto do advogado quanto dos juízes, promotores e demais operadores do direito, as políticas públicas é que pautam determinadas exigências jurídicas perante o Estado”, explica o coordenador do curso de Direito do UNISAL Lorena e apresentador do programa Direito em Foco na Rádio Dom, Prof. Ms. Bruno Creado.

Envolvendo crianças e jovens

E a ação salesiana não se limita a oferecer os serviços e se fazer presente nos órgãos de controle social, mas avança para o protagonismo das próprias crianças e jovens.

Em 2018, o Polo São Paulo da RSB-Social realizou a III Conferência de Jovens Líderes de Obras Sociais e Oratórios. O evento é um grande encontro de representantes das obras sociais e oratórios salesianos para discutir temas relacionados aos direitos da juventude. Antes de reunir os representantes, as obras sociais e oratórios realizam as pré-conferências, fazendo com que os temas sejam discutidos por todos os jovens e democratizando as opiniões, levando os líderes porta-vozes para o encontro maior.

“A experiência da participação na terceira conferência de jovens líderes reforça e põe em prática a ideia central do evento quanto ao pró-ativismo juvenil, tanto nas escolhas quanto nas tomadas de decisões feitas por nossos representantes. Participar da conferência abriu meus olhos ao potencial criativo, educativo, social e senso crítico de nós jovens da atualidade”, conta Carlos Henrique Oliveira Silva, 16 anos, do núcleo Vila Paulistana do Instituto Dom Bosco.

Para Ricardo Almeida, 24 anos, representante do núcleo Bom Retiro do Instituto Dom Bosco, a experiência foi incrível. “Tive condições de discutir com outros jovens algumas questões importantes para nossa sociedade. Cada um pôde trazer a sua realidade e seus problemas para que, juntos, pensássemos em soluções práticas para políticas públicas e controle social, visando a melhoria na qualidade de vida e serviços de atendimento ao nosso povo”.

Já em Lorena, outra experiência que dá voz a crianças e jovens é a Conferência Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente. A décima primeira edição do evento, realizada em 2018, aconteceu no Oratório São Luiz, a casa do PROVIM – Projeto Vida Melhor, obra social salesiana da cidade. Participaram 76 educandos, seus familiares, educadores, salesianos e representantes do poder público, entre eles o prefeito da cidade.

E você, o quanto se interessa por políticas públicas? Vai participar da Campanha da Fraternidade em sua paróquia? Conheça o hino, o cartaz e baixe outros materiais em: www.salesianos.com.br/cf2019 

Fonte: Boletim Salesiano

InfoANS

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