Itália – Venezuela: o Inspetor salesiano fala de impotência perante o Covid-19

07 maio 2020

(ANS - Turim) - O P. Rafael Montenegro, venezuelano, é, faz alguns meses, o Inspetor dos salesianos de seu país. No início da pandemia do Covid-19, estava na Itália para o Capítulo Geral 28 da Congregação e ainda não conseguiu retornar a Caracas, devido ao bloqueio dos voos intercontinentais. Ele exerce sua função de supervisão e incentivo à atividade salesiana mesmo da Itália. "A situação na Venezuela certamente está pior, porque o Covid-19, que afeta o mundo inteiro, encontrou o meu país num estado de desvantagem", diz ele.

Os dados oficiais dizem que a situação está sob controle.

Muitas coisas não são reveladas. No momento, as pessoas precisam esperar até três dias para poderem abastecer seus carros com 20 a 30 litros de gasolina. Isto é muito sério para a população, mas também para os produtores de alimentos, que do interior não podem chegar às grandes cidades. Na região agrícola dos Andes, a produção está se perdendo porque não há possibilidade de venda.

A população deve ficar em casa: como ela reage?

É difícil manter as pessoas em casa, porque a maioria da população vive do trabalho de cada dia: "com o que ganho hoje, compro comida para o dia". Pessoas que têm oportunidades melhores conseguem sobreviver, mas a quarentena não pode funcionar nos bairros populares.

O governo sempre forneceu ajuda às classes mais fracas, inclusive para manter o consenso.

O programa que envia alimentos para as famílias ainda existe, mas está cada vez mais difícil de praticar. O Estado assiste a uma diminuição da produção de alimentos e, ao mesmo tempo, dos recursos financeiros que serviam para comprar produtos no exterior. É uma emergência que não se reconhece.

Soma-se a estes problemas a escassez de água potável que, devido à falta de manutenção dos aquedutos, não abastece diariamente todos os lugares. Muitas localidades dispõem de água apenas uma vez por semana. Como para a prevenção do Covid-19 é fundamental a higienização frequente com água e sabão, podemos imaginar o que está acontecendo na Venezuela.

O que os salesianos conseguem fazer nestas condições?

Antes de tudo, sofremos das mesmas condições de todos os venezuelanos: as comunidades também enfrentam problemas para comprar alimentos. Além disso, as igrejas estão fechadas e as atividades das paróquias foram interrompidas, portanto as ofertas com as quais poderíamos ajudar os mais pobres não chegam.

As escolas também estão fechadas: procuramos compensar com o ensino a distância, buscando manter laços com as comunidades por meio da mídia social, mas a internet é precária.

Vocês são um terminal que recebe o eco das angústias destes tempos.

Uma senhora nos contou que sua irmã apresentava problemas respiratórios devido ao Covid-19 e não tinha dinheiro para ir a um hospital particular. Ela procurou um hospital público, mas este estava com falta de equipamentos e ela morreu sem poder se cuidar. Situações como essa ocorrem todos os dias.

InfoANS

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