“Os salesianos me disseram que estão vivos graças a mim. Respondi que foi Deus quem me colocou ali para que ficassem bem. Fui um instrumento de Deus naquela situação”, diz.
Tudo começou no dia 19 de março, quando os integrantes da comunidade precisaram ficar confinados em seus quartos, uma vez que um deles apresentou sintomas de coronavírus. Após nove dias de isolamento, surgiram os primeiros problemas. O responsável pela cozinha não apareceu e eles não tinham o que comer.
Todos precisavam ficar em seus quartos, exceto Paúl, que naquele dia passou a ser o único que circulava na casa e mantinha contato com o exterior. Durante a crise, ele ajudou no preparo dos alimentos, na limpeza e até na lavanderia, uma vez que não havia substitutos para desempenhar tais tarefas.
Após alguns dias, os resultados dos testes confirmaram as suspeitas: todos haviam sido infectados de coronavírus. Assim, Paul iniciou uma verdadeira odisseia em busca de medicamentos para o tratamento do Covid-19, que estavam em falta.
O tempo passava e as perspectivas não eram animadoras. A primeira experiência triste para Paúl foi a morte do P. Jorge Bustamante, seguida, após algumas semanas, pelo falecimento do P. Néstor Tapia, a quem Paúl era muito ligado.
Foi muito difícil para Paúl, mas não tinha tempo para parar: precisava continuar trabalhando para ajudar aos outros religiosos vivos. Havia noites em que ele podia dormir apenas três ou quatro horas, e pedia a Deus forças para não desmaiar. A chegada da Semana Santa, todavia, foi como um bálsamo para a saúde dos salesianos idosos. Paúl conseguiu encontrar uma maneira de fazê-los assistir às celebrações por meio de smartphones ou TV, e isso os animou.
A recuperação de muitos salesianos permitiu que, no dia 24 de maio, festa de Maria Auxiliadora, todos pudessem se encontrar para almoçar, respeitando o distanciamento adequado. No dia 6 de junho, a comunidade voltou a se reunir novamente e, a partir daquele momento, a vida comunitária voltou ao normal, inclusive os encontros de oração e a celebração das Missas.
Ao terminar o serviço voluntário, Paul percebeu que a experiência lhe havia deixado n’alma uma marca decisiva para o rumo de sua vida: há poucas semanas, entrou para o aspirantado salesiano; e agora se prepara para seguir os passos de Dom Bosco.