Argentina – O Sr. Zatti, ‘Santo’! Um dom para o Povo de Deus que sofre, crê e espera
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07 outubro 2022

(ANS - Buenos Aires) - Qual é a primeira coisa que pensamos quando pronunciamos a palavra “santo”? Que imagens nos vêm à mente? A que associamos a "santidade"? Sem dúvida nos depararemos com uma pluralidade de ideias, experiências e memórias. Mas, como crentes, é bom ir à fonte, à Palavra de Deus, onde é possível encontrar uma bela trama de encontros, buscas, alegrias e desafios entre a iniciativa de Deus e a livre resposta do ser humano.

"Seja santo como eu sou santo"

Ser santo é um dom, um dom a que responder, valorizar e acolher. Outra expressão da santidade de Deus se manifesta na misericórdia. Deus é misericordioso: é Ele que nos vem ao encontro e torna os homens capazes daquele diálogo amoroso e filial que leva à plenitude. Claro, cada um segue seu caminho, dando o melhor de si. O Sr. Zatti costumava dizer a seus colegas e pacientes: “A Jesus devemos dar o melhor!”

Esta santidade também se realiza na experiência de ser Povo de Deus, animado pelo Espírito Santo, alma de toda a riqueza espiritual que revela os valores do Reino de Deus. Os Santos são membros do Povo de Deus que acompanham sua peregrinação ao eterno. A realidade de ser "povo" é muito interessante: é neste contexto que vivemos conquistas, momentos de alegria e paz, mas também de dor e tristeza, devido à doença, à perda de entes queridos ou à dureza da pobreza.

Como Zatti, testemunhas de alegria e humor

Podemos descobrir que ser santo é viver uma experiência forte e rica de encontro com o Amor de Deus, que liberta e realiza o desejo mais profundo de amar, ou seja, de ser feliz. Ser santo significa deixar-se envolver na própria pequenez pelo amor misericordioso de Deus, que chama todos à felicidade. Por iniciativa livre e amorosa de Deus, todos são convidados a ser santos.

Às vezes, podemos pensar que um santo é uma pessoa triste, solitária, melancólica, desprovida de energia e paixão... Ao contrário! O Papa Francisco diz: "O santo é capaz de viver com alegria e senso de humor. Sem perder o realismo, ilumina os outros com espírito positivo e esperançoso”. (Gaudete et Exultate, 122).

A santidade de Zatti é uma expressão clara do caminho espiritual proposto por São Francisco de Sales e assumido por São João Bosco para o seu projeto educativo-pastoral a serviço dos jovens pobres. Um caminho espiritual, com proposta de santidade para todos, vivendo com alegria e profunda confiança no amor providente de Deus, Zatti resumiu com esta bela expressão: "Como não sorrir sempre, se Deus nos ama tanto!"

Amor e cuidado por todos

Zatti é uma pessoa do povo: todos o consideram como se fosse um deles, por isso o chamavam "parente de todos os pobres". Sua presença entre as pessoas do distrito de Viedma e Carmen de Patagones transmite alegria e serenidade. É uma presença que encurta distâncias. Um irmão que sai ao encontro de seus vizinhos.

Em suas ações, tanto no hospital San José como na comunidade salesiana, irradia alegria e bondade, que geram uma serena simpatia. Todos sentem-se confortáveis quando o encontram. Ele dá atenção a todos. Sua bicicleta torna-se um sinal deste ir em direção aos outros encurtando as distâncias. Em seu coração de salesiano e enfermeiro, todos são importantes, e ele se "multiplica" para chegar a todos e servir Jesus em cada sofredor, em cada próximo.

Ele sabe se comunicar com todos, tem um gesto para as crianças, uma brincadeira ou uma palavra de incentivo para cada um. Os simples e os pobres são os primeiros a compreender sua estatura espiritual. São as mesmas pessoas do bairro que se sentem acompanhadas e cuidadas pelo coração caridoso de Zatti: consideram-no um santo.

"É preciso saber engolir amargo e cuspir doce"

Em sua história, Zatti viveu as dificuldades e dores da pobreza e da doença. Ele e sua família precisaram emigrar em busca de uma vida melhor. Deixaram para trás sua terra, seu povo, levando no coração a tristeza de quem precisa deixar sua terra, mas também a forte esperança de um mundo com mais oportunidades.

A sua história, abraçada pela Fé, o molda e o prepara para ser remédio no meio de tantos irmãos e irmãs doentes e pobres. Seu caminho lhe permitirá ter um coração compassivo e fraterno para com todos, especialmente pelos que sofrem. Seu sorriso, suas palavras e seus gestos tornam-se um remédio que anima e fortalece. Questionado sobre as dificuldades e problemas que precisou enfrentar, disse: "Precisamos saber engolir amargo e cuspir doce", expressão de quem abraça e encontra, na Cruz, a força para ser uma manifestação do amor de Deus pelos outros.

Zatti, santo, é um presente claro de Deus ao seu povo. Os pobres, os doentes e os sofredores encontram nele um irmão próximo, compreensivo e solícito em ajudá-los e assisti-los no encontro com Deus e sua Graça. Zatti não apenas curava o corpo: como homem de fé e bom cristão, ajudava seus vizinhos a crescerem na Fé.

Zatti, "um santo em vida"

Conforme narrado por aqueles que testemunharam no início do processo de sua causa de beatificação, já em vida toda a população tinha grande estima e apreço pelo enfermeiro.

Uma expressão clara disso foi a resposta da população em seu funeral. Toda a cidade se mobilizou para acompanhar o cortejo fúnebre. Feliciano López comentou: "O acompanhamento ao cemitério foi impressionante. O caixão foi acompanhado por Dom Borgatti, pelas Autoridades governamentais e municipais que haviam ordenado o fechamento e a suspensão de todos os escritórios públicos. O agente funerário organizou um serviço de primeira classe. No final da função, o Inspetor propôs a todos a tarefa de recolher testemunhos, memórias e fatos com que preparar uma biografia”.

Hoje, a devoção a Zatti se expressa de forma simples e serena. Nesta época em que a pandemia tem causado tanto sofrimento, e na qual a saúde e seus servidores ganham tanta importância, o Sr. Zatti se apresenta como um intercessor atento e eficaz. São muitos os que, de diferentes formas, se aproximam e pedem a intercessão do enfermeiro, que também sofreu uma doença durante sua vida.

P. Pedro Narambuena SDB

Vice-Postulador da Causa de Artêmides Zatti,

Diretor da Comunidade salesiana de Viedma-Carmen de Patagones,

Diretor da Editora Zeferino Missionário

InfoANS

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