Dom Bosco sempre quis ser um missionário. Na verdade, ele é considerado um santo missionário, embora nunca tenha saído em missão. Por ocasião do Concílio Vaticano I, foram vários os Prelados que lhe pediram enviasse seus salesianos (China, Estados Unidos, Egito...), mas Dom Bosco tentava descobrir qual seria o país ‘distante’, do seu "Sonho dos Nove Anos".

A vida de Dom Bosco é a de um sonhador - no sentido mais amplo do termo - . Ele teve mais de... 150 sonhos proféticos, sendo alguns deles missionários. No primeiro desses sonhos, a Patagônia argentina lhe foi revelada como o destino de seus primeiros missionários; em outro, sonhou com ‘aviões’ quando eles ainda não existiam e, no último, ocorrido em 10 de abril de 1886, enquanto estava em Barcelona, a Virgem lhe revelou a extensão do trabalho dos missionários: "Trace uma linha de Pequim a Santiago do Chile, passando pelo coração da África, e você fará uma ideia exata do que os Salesianos precisam fazer".

Sua alma missionária era tão grande que, apenas 15 anos após fundar a Congregação Salesiana, em 1859, sob o nome de Pia Sociedade de São Francisco de Sales, ele enviou a Primeira Expedição Missionária à Patagônia, Argentina, com 10 salesianos, em 11 de novembro de 1875.

Foi por isso que, para comemorar esses 150 anos de missões salesianas, a Procuradoria Misiones Salesianas organizou uma homenagem aos salesianos espanhóis missionários, na última sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025. Na ocasião, o teatro do Instituto Salesiano "Atocha" lotou com salesianos, ex-missionários, seus familiares, filhas de Maria Auxiliadora, salesianos cooperadores e membros da FS. Destacou-se o papel que os missionários desempenham no mundo, "construindo pontes de compreensão".

"Nossa presença é sempre entre os jovens, com o objetivo de construir pontes.

"Somos uma Congregação missionária", disse o Cardeal salesiano Dom Ángel Fernández Artime, Pró-Prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica e Reitor-Mor de 2014 a 2024. "Se não fôssemos missionários, agora seríamos apenas uns 2.000 salesianos a trabalhar principalmente na Itália, em vez de em 137 países", disse ainda. Durante o evento, foi lançado o livro "La aportación española a las Misiones salesianas", editado pela Procuradoria Missionária.

O evento também contou com a presença: do Superior da Inspetoria Espanha - São Tiago Maior (SSM), P. Fernando García; do Cardeal salesiano Cristóbal López Romero, Arcebispo de Rabat; dos missionários salesianos P. Manolo Jiménez, P. Faustino García e P. Manolo Ordóñez; e do P. Luis Manuel Moral, Diretor de ‘Misiones Salesianas’.

A homenagem iniciou com a menção e um aplauso dos presentes ao missionário salesiano Antonio César Fernández, assassinado em Burkina Faso em 15 de fevereiro de 2019. Em seguida, o Inspetor da SSM lembrou que a figura do missionário "é reconhecida e respeitada por todos". Três depoimentos de salesianos espanhóis, vindos da República Dominicana, da Guiné Equatorial e da Síria, testemunharam acerca da presença salesiana "sempre entre os jovens e voltada a construir pontes na sociedade".

O livro "La aportación española a las misiones salesianas", publicado pelo CCS e disponível on-line, reúne as referências dos quase 1.300 missionários salesianos espanhóis que saíram em missão. "Não foi fácil obter informações sobre todos eles, mas hoje podemos dizer que há 215 missionários salesianos espanhóis vivos, 121 dos quais continuam trabalhando distribuídos pelos cinco Continentes" - explicou o Diretor do Projeto, P. Jesús-Graciliano González.

"Todos nós somos missionários desde o batismo, e a coisa principal é dar testemunho: é disso que precisamos".

Os testemunhos missionários – do P. Manolo Jiménez, superior salesiano em três diferentes distritos africanos, durante 25 anos de trabalho missionário; do P. Faustino García, missionário por 30 anos e por nove anos diretor da Escola Secundária Livre Dom Bosco, na Tunísia; e do P. Manolo Ordóñez, que partiu para a Angola por cinco anos, mas que depois dicou 23 – reafirmaram a vocação missionária, a proximidade, a alegria e a esperança que os missionários salesianos sempre desenvolvem em seu trabalho, assim como a confiança na Divina Providência.

Os três reafirmaram que "antes de ser missionários, somos salesianos", trataram de "inculturação", de "novas fronteiras", da "importância da presença também em países de diferentes crenças, porque trabalha-se pelo Reino de Deus ".

O Cardeal Cristóbal López assegurou que "somos todos missionários desde o batismo e o mais importante não é procurar convencer evangelizando ou nos dedicando ao desenvolvimento social, mas dar testemunho; e agora há que dar muito testemunho".

O evento foi encerrado pelo Cardeal Ángel Fernández Artime, que sublinhou o valor do livro lançado: "Em nenhum país foi feito um estudo tão completo sobre os salesianos como na Espanha". Acenou também ao tempo que passou como Inspetor na Argentina Sul, onde teve «a sorte de conhecer os primeiros lugares... inóspitos que, há 150 anos, viram a chegada dos primeiros Salesianos" – que ele descreveu como "santos e heróis, mas – e por que não? – também um tanto... ‘loucos’! ".

Fonte: Misiones Salesianas

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