Argentina – ‘Combato pela a vida no bairro do «gatilho fácil»’

06 fevereiro 2017

(ANS – Rosário) – O P. Federico ‘Chingui’ Salmerón, salesiano, 29 anos, diploma em prevenção de toxicodependências, dedica-se aos jovens de Ludueña, um dos bairros mais perigosos de Rosário, Argentina. Ali vive-se “à sombra da morte”, mas ele, com mais alguns coirmãos salesianos, mantém viva essa em parte sombria comunidade de periferia.

“Descobri o problema da toxicodependência nos anos de estudo em Córdova, trabalhando nas «villas-miseria», aonde, como salesianos, tentávamos levar uma presença amiga e um auxílio concreto, sobretudo aos jovens, que sempre correm o risco maior – refere ‘Chingui’–. A toxicodependência destrói as pessoas e suas famílias. Assim, a primeira coisa a fazer com os rapazes é chegar até eles, falar com eles, partilhar alguma experiência, bater bola, jogar futebol, abrir espaços de confiança que os ajudem a deixar-se ajudar, e começar a repartir: é que só eles o podem fazer. Entretanto, sozinhos não conseguem ‘engatar a marcha’”.

Como são os rapazes de Ludueña?

Há no bairro muita vida, muita vontade de crescer: são rapazes como tantos outros. Conosco, tudo bem: há em cada um muita bondade; e aprende-se muita coisa com eles. Mas o ambiente em que vivem leva-os a mostrar seu lado pior: há muita violência doméstica, muito trabalho de menor, machismo, abuso, droga e... morte. Ali por muito tempo a Igreja se manteve distante das zonas pobres. Mas alguma coisa já se mexeu.

Há desnutrição?

Certamente. Sobretudo nas crianças, na gente miúda. Não conseguimos dar respostas suficientes com nossas refeições, porque há carências quase... ingênitas: consequenciais. Todavia continuamos obstinadamente a trabalhar para que todos, no bairro, possam ter uma trabalho digno (com que evitar nos filhos a desnutrição).

E a mortalidade?

Há muitíssimas pessoas honestas, espantadas com tanta violência e morte tão «normais». Há também famílias que, tendo perdido uma pessoa cara, não têm confiança na justiça e querem ‘ajustar as contas’ sozinhas. Outros são de tal forma «adoidados» que veem a morte como um meio normal. A sociedade pensa no sistema policial e carcerário em termos de repressão: o sistema não quer a reabilitação dos culpados, mas que apodreçam no cárcere.

Lorena, aluna da Escola Dom Bosco, acrescenta: “Esses jovens não encontram trabalho; e com frequência não o acham porque não terminaram os estudos: é pois o início de uma corrente de rejeições que se repetem, levando-os a uma exclusão total. Mas têm também sonhos, bondade no coração; e há famílias que lutam cada dia para dar de comer aos próprios filhos, e crescer em dignidade”.

InfoANS

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