Por padre Ernesto Hernández Ruiz SDB e a Equipe Salesiana de Migrantes
A partir de outubro passado, surgiu um importante movimento de hondurenhos que deixaram San Pedro Sula, dirigindo-se, principalmente para os Estados Unidos, para exercer o direito de asilo ou para solicitar o reconhecimento do status de refugiados no México.
São três caravanas de migrantes, formada por uma população bastrante heterogênea em termos de idade e condições sociais. A maioria dos integrantes são jovens, crianças e adolescentes, alguns viajam com grupos e outros em seus núcleos familiares. As organizações da sociedade civil contabilizaram 7.233 migrantes: 32,86% são crianças e adolescentes, a maioria dos quais acompanhada por suas mães e, em alguns casos, por ambos os pais. Também foram contados quase 200 adolescentes desacompanhados. Os adultos, na maioria dos casos, são jovens com idade não superior a 25 anos.
Historicamente, os povos americanos foram formados por migrações, tanto extracontinentais como continentais. No último século forma muitos os movimentos humanos em massa, um novo despertar do fenômeno migratório. Todavia, uma das características atuais que acompanham este movimento é o ambiente da violência. Atualmente, a principal motivação que leva a partir em caravana é tentar cruzar o México com segurança.
Hoje é preciso enxergar o contexto de desumanidade e de crise humanitária que este êxodo representa, enxergar os migrantes através dos olhos de um pastor-educador como Dom Bosco, que foi capaz de realizar um projeto excepcional para jovens migrantes de zonas rurais para urbanas, válido ainda hoje, mais de 150 anos depois.
Inspirado por uma declaração da Congregação através do Dicastério para as Missões, e pela experiência adquirida por meio das várias organizações comprometidas com os migrantes, proponho as seguintes ações para despertar a atenção salesiana aos migrantes:
Apoio adequado, por meio de uma atitude de acolhimento caridoso em face de necessidades urgentes
Oferecer o exercício de caridade emergente é essencial. O apoio humanitário é o primeiro passo que demonstra o amor salesiano por menores e jovens, especialmente os mais pobres e em maior risco, os desacompanhados.
A cooperação em rede é essencial
O compromisso com um migrante menor de idade ou jovem requer uma cooperação efetiva. Os limites do conhecimento e do tempo devem ser reconhecidos, avaliando as próprias qualidades e campos de conhecimento para colaborar com outras organizações eclesiais, civis e do Estado, colocando os jovens, e não nossos protagonismos, no centro das ações.
A educação é o elemento chave da nossa contribuição para as redes
Além da ajuda humanitária, nosso carisma nos leva a atuar como educadores, buscando soluções que sejam completas e duradouras. Isso não acontecerá rapidamente e devemos pensar em soluções que impliquem a educação formal e não formal das pessoas que desejam permanecer por muito tempo ou indefinidamente em nosso território.
Promoção e proteção dos direitos de menores e jovens
Migrar para o México não é um crime: os migrantes são irregulares, não ilegais. Eles têm o direito à educação, à comida, à saúde, à justiça, à segurança... E, ainda mais, são, para nós, filhos e filhas de Deus nosso Pai, têm um direito divino a uma vida digna.
Integração social
Nos últimos dias, o estado mexicano e a sociedade civil emitiram opiniões que revelaram um pesado fardo de preconceito, estigma, racismo e xenofobia. Se estas pessoas procuram um lugar onde possam viver em condições melhores (em muitos casos, reconhecendo o fato de que a única opção que têm é deixar o próprio país), devemos iniciar uma campanha contra essas atitudes.
Como Salesianos de Dom Bosco, reafirmamos que nossa missão é construir pontes, e não muros, para que aqueles que já sofreram tanto, menores e jovens, possam ser ouvidos e respeitados. Para tanto, oferecemos nosso apoio e encorajamos todos a manifestarem uma identidade forte, e a envolverem-se nos processos de inclusão, um novo contexto e num processo de verdadeira interculturalidade.
