Equador – Os jovens da Amazônia perderam "suas terras, sua língua e suas famílias" e precisam de uma Igreja que se preocupe com eles

13 março 2019

(ANS - Quito) - A dra. Gabriela Bernal, do Equador, durante os últimos anos vem estudando "os jovens da Amazônia". Na perspectiva do Sínodo dos Bispos da região Pan-Amazônica, ela respondeu de maneira muito clara algumas perguntas sobre "quem são os jovens deste continente".

Gabriela, quem são os jovens que vivem na América Latina?

Os jovens que vivem atualmente na América Latina são personagens novos para nós. Para os adultos, eles são desconhecidos. E os caminhos que tomam são incertos. São jovens que, na transição do mundo rural para o urbano, vivenciam momentos de forte tensão, de lágrimas. Neste processo, há a ausência dos pais, que se dedicam apenas ao trabalho. Ouso dizer que uma das características preocupantes destes jovens é a solidão e ausência dos pais.

O que determina a solidão dos jovens latino-americanos?

Os pais dedicam-se apenas a trabalhar para ganhar dinheiro, e assim deixaram seus filhos em total abandono. As consequências são óbvias: não existem modelos de vida, os jovens crescem na base das tentativas e erros e estão desorientados.

Existem os jovens indígenas?

Os jovens indígenas são um grupo tradicionalmente rotulado de "oculto" porque se acreditava que, entre os nativos, não houvesse jovens, uma vez que eles se casam muito cedo e logo assumem responsabilidades adultas. Os "jovens indígenas", como grupo social, são recentes, uma vez que as condições das famílias estão passando por profundas mudanças. Vivem situações muito difíceis, e precisam lidar, não apenas com a solidão, mas também com o fato de viverem em um ambiente agressivo, violento e racista, onde além de tudo lhes é negada a possibilidade de se comunicarem em sua própria língua.

Que tipo de trabalho a Igreja deveria fazer com os jovens indígenas da América Latina?

Acredito que durante muitos anos a Igreja e as congregações religiosas ofereceram uma resposta significativa por meio da escola, mas agora a escola é insuficiente. Sempre digo que o trabalho dos oratórios salesianos, por exemplo, é uma excelente resposta. É um espaço inestimável para os jovens. Infelizmente, os oratórios estão se perdendo, mas acredito que sejam espaços onde se pode vivenciar a diversão e o acompanhamento.

O sistema preventivo no contexto amazônico ainda é atual?

Acredito que o Sistema Preventivo seja, hoje mais do que nunca, atual e necessário. Ainda mais se olharmos para trás, para tudo o que a figura de Dom Bosco representou em seu contexto. O belo de Dom Bosco era sua sensibilidade, sua capacidade de olhar para o ambiente dos jovens, no qual eles muitas vezes se encontravam sozinhos, em uma realidade de grande expansão industrial. Hoje vivemos em um contexto semelhante e acredito que a Congregação Salesiana deva retornar às suas origens, pensando na inspiração e na ação de Dom Bosco.

Video-entrevista (em espanhol)

InfoANS

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