Itália – O P. Felice Canelli, um “irmão universal” para os necessitados
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06 abril 2021

(ANS – San Severo) – “A religião é compenetração das necessidades do outro” e “Qual é o nosso altar? O Tabernáculo da igreja é a mão do pobre” são duas expressões do P. Felice (Félix) Canelli, sacerdote da Diocese de São Severo (Foggia, Itália) e Salesiano Cooperador, hoje reconhecido pela Igreja como Servo de Deus (SdeD), dois lemas que ele mesmo viveu por primeiro, por quase um século (1880-1977). Movido por sua Fé no Senhor Jesus, foi “irmão universal” - usando uma expressão do Papa Francisco e de tantos pobres, jovens e abandonados que recorriam a ele - .

Era mesmo a Fé a torná-lo sensível às necessidades materiais e espirituais, porque os que seguem Jesus não se alheiam da vida concreta; ou não teorizam sobre a solidariedade: ao contrário, se tornam mais humanos.

Por isso estava, em todos os lugares, primeiramente no altar, em profundo diálogo com Dio; depois, nos tugúrios dos pobres em torno da cidade; nas residências dos ricos para pedir ajudas econômicas para as suas multíplices obras assistenciais; no palco do comício, como Secretário do Partido Popular, para pedir leis justas para todos, a partir dos excluídos; no seu escritório come procurado confessor, diretor de vida espiritual; no pátio da paróquia para brincar com os pequenos; nas escolas da cidade para falar da alegria do Evangelho; à cabeceira dos moribundos; à porta da Prefeitura para pedir ajudas para todos os necessitados…

O seu físico enxuto e esguio virava um concentrado de energia quando se tratava de defender os direitos de Deus e dos pobres. Forte como um leão, mas tenro como um pai para todos os marginalizados, o P. Canelli não se ficou a olhar pela janela a dura existência dos pobres; prodigou-se por eles totalmente e, com a audácia da caridade cristã, ia inventando caminhos de proximidade e solidariedade.

Em outubro de 1919, foi anunciada uma taxa extraordinária sobre o vinho mantido nas cantinas. Explodiu uma enésima revolta popular: a fome, a pobreza, tornavam tensos como cordas os nervos da pobre gente. O P. Canelli então mandou um telegrama ao Ministro de Agricultura, do Interior e dos Cultos, pedindo a    diminuição da taxa e a facilitação da venda do vinho, e um segundo telegrama ao Sen. Mucci, convicto socialista local – que também partira para Roma a perorar a causa dos viticultores – para fazer notar que, apesar das divergências ideológicas, era possível tornar-se um “nós” pelo bem comum.

Mais: no triênio 1910-1912 em San Severo explodiu a cólera, ou cólera-morbo, que agravou as já precárias condições de vida para quase toda a população. A cidade estava à mercê de si mesma: sem pão e sem socorros médicos. O P. Canelli, coadjuvado por Graziana Russi e Luisa Lacci, interessou-se pelos doentes, antes com os modestos meios econômicos próprios, depois, ajudado por famílias abastadas e pela Prefeitura, criando um movimento circular de humanidade, de fé, de solidariedade.

Mas junto com os remédios levava um prato de macarrão, temperado de sorriso e esperança. Levava aos doentes vizinhança, ternura e a compaixão de Deus.

InfoANS

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