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RMG – Um primeiro olhar sobre o Sínodo Especial da Amazônia. Uma análise do P. Rossano Sala
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30 outubro 2019

(ANS – Roma) – A poucos dias do encerramento do Sínodo dos Bispos sobre a Região Pan-Amazônica, o P. Rossano Sala SDB, que participou do Sínodo, apresentou uma sua visão desse importante Evento eclesial.

O grito dos pobres e da terra

No Ângelus de domingo passado, o Papa Francisco disse que "o grito dos pobres, junto com o grito da terra, chegou da Amazônia até nós. Em minha alma ficou-me impressa a força de algumas intervenções de Padres Sinodais. Eles nos trouxeram o grito dos pobres e da terra. Sou também muito grato pela riqueza do trabalho realizado no círculo menor a que eu pertencia. Foi edificante a palavra do Papa Francisco em alguns momentos, porque nos levou a ocupar-nos do essencial.

Uma aproximação dos dois últimos Sínodos

É natural para mim observar os dois Sínodos que vivi: o Sínodo sobre os Jovens e, este ano, o Sínodo sobre a Amazônia. O primeiro era "ordinário"; o segundo, "especial". No primeiro fui Secretário Especial, portanto comprometido desde o início do processo, e protagonista da redação do Documento Final. No segundo era um  "simples" Padre Sinodal. No primeiro havia os Jovens ouvintes e sua voz foi forte, viva, propositiva. No segundo estavam os ouvintes indígenas, mulheres, líderes de comunidade, trazendo consigo a concretude da sua experiência de Fé.

Fui pouco a pouco percebendo com crescente intensidade que os problemas de todos são os problemas de cada um: e que cada pequena parte da Igreja é um fragmento que nos remete ao todo.

Os dois pulmões deste Sínodo

Como no corpo temos dois pulmões para respirar, também no Sínodo da Amazônia tivemos dois pulmões: o primeiro se chama 'Evangelii Gaudium', documento que marca a virada missionária que o Papa Francisco está a imprimir a toda a vida da Igreja; trata-se de compreender que a missão é a vida da Igreja, e que a própria Igreja existe para evangelizar. Osegundo pulmão chama-se «Laudato Si'». E sabemos que esse Documento procura nos conscientizar a todos acerca da situação verdadeiramente crítica da nossa mãe terra nestes primeiros decênios do Terceiro Milênio.

Rumo a uma "conversão integral"

Voltei para casa com a convicção de que, antes de pegar no Documento final ‘deste’ Sínodo sobre a Amazônia, devo reler com atenção a «Evangelii Gaudium» e a «Laudato si'». Só assim podemos ter realmente um quadro de referência que nos ajude a tornar praticável uma "conversão integral", isto é, que toca todos os aspectos da nossa humanidade. Todos. Sem exceção.

Por outro lado, o Documento Final do Sínodo parte realmente do conceito de "conversão integral". Só depois o desenvolve nos quatro capítulos seguintes, i. e., em nível pastoral, cultural, ecológico, sinodal.

Gerar processos mais que ocupar espaços

O Sínodo, sabemos, é um "caminhar juntos", não um "decidir juntos". Depois o Papa decide, com plena liberdade, quais deles se devam assumir, e indica como proceder, concluindo o discernimento e relançando-o do ponto de vista operativo.

Saber isso é importante para superar as polêmicas estéreis que enchem as manchetes dos jornais. Para além das propostas e sugestões contidas no Documento Final, é importante reconhecer que este Sínodo ainda não se concluiu. Mas inaugurou processos que devem necessariamente continuar.

A terra prometida está sempre diante de nós, e só caminhando juntos se pode alcançar. Este pensamento fará bem também para a Família Salesiana, chamada a assumir a sinodalidade e o discernimento como estilo concreto de viver e trabalhar juntos nos próximos anos.

A reflexão do P. Sala está, na sua totalidade, disponível na versão italiana do aprofundamento

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