Subjetividade, redes e formas de conexão
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11 setembro 2018

Os jovens hoje vivem em um mundo globalizado, uma rede de interconexões e relacionamentos. Bens, informações, imagens eletrônicas, músicas, entretenimento e modas se espalham quase instantaneamente pelo planeta. As redes sociais tornaram-se o habitat natural deles e é através destas que eles conhecem o mundo. O salesiano Ariel Fresia apresenta um ponto de vista original sobre o entendimento desses nativos hiperconectados.

Os jovens representam o novo sujeito social ligado à comunicação, à simultaneidade, às  novas tecnologias de rede e interfaces. Por essa razão, a maneira de estabelecer vínculos e manter relacionamentos torna-se flexível e líquida, uma vez que eles, interconectados não precisam ocupar um espaço e passar algum tempo dentro deste espaço. Barbero comenta que a cultura configura-se "por três dimensões: o espaço do mundo, o território da cidade e o tempo dos jovens". Eles habitam vários espaços e gerenciam diferentes temporalidades, movendo-se em um tempo atemporal.

Como nativos dessa época, os jovens sabem lidar com os elementos necessários para se desenvolverem na cultura atual. Eles nasceram na cultura digital e nas redes. As mudanças na linguagem, o ordenamento mental da informação, a atenção múltipla e diversificada, as dimensões espaciais e temporais, devem ser variáveis ​​para pensar de que maneira esse novo sujeito juvenil é formado dentro das redes. O fato de podermos nos conectar com um jovem através de novas tecnologias de comunicação não significa que possamos aprender, a menos que não estejamos dispostos a decodificar a maneira de perceber e se desenvolver dentro daquela cultura. Estar conectado não significa necessariamente compartilhar o código dos jovens. Os adultos são estrangeiros em relação àquela nova língua e seus rituais, é necessário traduzir, encontrar códigos interpretativos comuns. Não é suficiente saber usar as mesmas ferramentas disponíveis.

Os métodos centrados nos adultos, quando se referem à maneira de ser dos jovens, apenas deixam os adultos perplexos diante de todas essas mudanças e incapazes de articularem propostas que não sejam apologéticas. Muitos adultos reclamam que os jovens não se comunicam e usam a tecnologia apenas para fins recreativos. É preciso, porém compreender que, além dos encontros presenciais, os jovens também se comunicam por meio de outro paradigma, vivem hiperconectados e desenvolvem diferentes níveis de comunicação, inclusive não-direcional. Eles constroem sua subjetividade em tecnologias da comunicação, das redes e das interfaces.

Porque os processos de mutação social, as mudanças culturais e a revolução tecnológica "expandem-se exponencialmente devido à sua capacidade de criar uma interface entre os campos de tecnologia, através de uma linguagem digital comum, em que a informação é gerada, armazenada, recuperada, elaborado e transmitida". O campo da comunicação é complexo, trata-se de um campo no qual os jovens entrelaçam novas formas de vínculo e a construção social da identidade. Além das dificuldades de acessibilidade, há uma diferença de capital cultural que desativa a disponibilidade de recursos de comunicação, interconexões e hiperlinks. Seja aqueles que têm acesso ao consumo cultural como aqueles que não têm acesso a ele, todos são os destinatários das mesmas propostas pastorais que estão nas fronteiras da missão eclesial. Ambos os sujeitos vivem em meio à fluidez da informação, das redes sociais e da comunicação mediada.

Os jovens habitam as tecnologias da rede, encontram-se no ecossistema da rede e, portanto, podem lidar rapidamente com a mudança de época. Para eles, a coexistência entre realidade e digital não é um problema. Não se trata apenas de tecnologia, mas também de formas de articulação social. Porque os relacionamentos nas redes fazem parte da constituição da subjetividade e são integrados à vida cotidiana. As redes fazem parte da vida dos jovens e também da nossa, que é contemporânea à deles, embora isso nos custe.

As redes constituem o novo cenário do subjetivo e o enredo de laços que ali são produzidos e reproduzidos. Se quisermos pensar na prática pastoral lançando redes nas redes, será necessário colocar-se na realidade dos jovens, entender suas demandas e suas formas de conexão e,  então, repensar as estruturas interpretativas e propostas.

InfoANS

ANS - “Agência iNfo Salesiana” - é um periódico plurissemanal telemático, órgão de comunicação da Congregação Salesiana, inscrito no Registro da Imprensa do Tribunal de Roma, n. 153/2007. 

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