Itália – Formação profissional, estágios na empresa e segurança: a palavra ao P. Bonalume

16 fevereiro 2022

(ANS - Roma) – Casos recentes de acidentes fatais no trabalho, envolvendo jovens que participavam de cursos de formação por alternância escola-trabalho reacenderam o debate sobre as oportunidades de experiências de formação em empresas por parte dos alunos. Há quem defenda a abolição da pedagogia por alternância escola-trabalho e de qualquer outra atividade que coloque os alunos em contato próximo com o mundo das empresas. Esta é uma visão... míope que – como explica o P. Fabrizio Bonalume, Diretor Geral do Centro Nacional das Obras Salesianas-Formação e Atualização Profissional (CNOS-FAP) – não leva em conta a riqueza destes percursos, que os Salesianos vêm oferecendo, há mais de um século e meio.

Sr. Diretor, qual é o valor da formação profissional na Itália?

Na Itália temos uma taxa de abandono escolar muito elevada, mas nas regiões onde existem percursos de Educação e Formação Profissional este índice diminui significativamente. Nem todos os jovens têm a mesma aptidão para aprender por meio do estudo teórico; e é preciso também levar em conta outras dificuldades objetivas, como as dificuldades linguísticas de muitos estrangeiros recém-chegados à Itália ou as dificuldades econômicas de muitas famílias. São muitos os jovens que procuram nossos cursos após terem sido reprovados, e uma das maiores satisfações dos seus formadores é testemunhar o renascimento da autoestima desses jovens quando percebem que são capazes de fazer algo com as próprias mãos.

Qual é a relação entre os centros de formação e as empresas?

Um ponto forte da Formação Profissional é justamente a relacionamento com as empresas, que indicam as qualidades exigidas para que um jovem possa ter sucesso no mundo do trabalho. As empresas enfatizam, em primeiro lugar, a importância de ‘soft skills’, ou seja, as habilidades transversais, a imprescindibilidade de saber relacionar-se com os adultos e o entusiasmo para aprender um trabalho e melhorar cada vez mais.

Como são organizados os estágios nas empresas?

Durante os períodos de estágio, os jovens têm a oportunidade de desenvolver todas estas habilidades. Antes do estágio, eles frequentam cursos de segurança, seja os básicos seja os relacionados com riscos específicos. Depois disso, na empresa, eles são acompanhados por um trabalhador experiente, que conhece os riscos presentes na empresa. Isto dá ao jovem a oportunidade de crescer com um "professor particular", o que é impensável nos laboratórios escolares. O jovem também tem a oportunidade de se familiarizar com tecnologias que nem sempre existem nos Centros de Formação Profissional.

Esta "ponte" entre escola e trabalho funciona?

Nossa experiência mostra que, até um ano após o fim do percurso, 92% dos alunos estão inseridos no mundo do trabalho ou então retomaram o percurso de educação e formação, e que, destes, cerca de 40% encontram trabalho, e mais de 30% são empregados nas empresas onde fizeram a experiência de estágio.

Os alunos pedem mais segurança: como agir?

É necessário aumentar a cultura da segurança e é isso que a Formação Profissional tem feito nos últimos anos. Os jovens que frequentam estes cursos ingressam numa empresa praticamente já conhecendo os maquinários. Se a experiência na empresa não existisse, os jovens seriam contratados diretamente como aprendizes, apoiados por um trabalhador; mas imediatamente com a tarefa de produzir. O problema da segurança surgiria novamente...

Há, porém, quem considere a alternância uma exploração por parte das empresas...

Se a alternância for bem-feita e, portanto, garantir a presença do tutor da empresa junto do jovem, este trabalhador experiente renderá menos para a empresa. Claro que desta maneira a empresa ganha a oportunidade de conhecer o jovem e, no longo prazo, pode obter um retorno positivo, mas durante o estágio, é mais provável que a empresa não tenha lucro.

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