RMG – Uma paixão que nunca se apaga: o P. Costa e o jornalismo

17 fevereiro 2022

(ANS – Roma) – No sábado passado, 12 de fevereiro, dia em que a Rádio do Vaticano celebrou 91 anos de serviço de evangelização e comunicação, o P. Giuseppe Costa SDB, Coporta-voz da Congregação Salesiana, deu, aos microfones da emissora, uma entrevista na qual falou de comunicação e Igreja. Entrevistado pelo P. Vito Magno RCI, o P. Costa partilhou a sua visão acerca desses temas, a partir do seu último livro, recém-saído do prelo, “Girovagando tra cronache e eventi. Quaranta anni di giornalismo” (Circulando por entre crônicas e eventos - Quarenta anos de jornalismo, NdT), publicado pela Nema Press.

P. Vito Magno: O que sentiu durante o longo caminho que percorreu?

P. Giuseppe Costa: Eu diria muita riqueza de transmissão de valores e experiências de homens que responderam a Deus. Vi muitas obras ligadas à comunicação, ao exercício da caridade feita pela Igreja, nas mais diversas e originais formas – penso nas iniciativas do catolicismo americano nas grandes cidades, assim como nas iniciativas de solidariedade pela África... O cristianismo é rico de muitas experiências positivas. E, tendo-as conhecido, estou otimista!

O livro se divide em seis capítulos: Dom Bosco, América, viagens, jovens, Sicília, meios de comunicação de massa. Algum fio que os una?

Na realidade, foi a casualidade que os uniu: foram escritos em ocasiões especiais, quando fui solicitado. Por exemplo, por ocasião das festas de Dom Bosco ou, em particular, em 1988, pelo Centenário de morte de Dom Bosco, muitos jornais, como «L'Osservatore Romano», me consultavam sobre a sua figura, uma vez que fora Diretor do Boletim Salesiano por muitos anos. Também viajei pelo mundo, por exigência da informação salesiana e para acompanhar os acontecimentos do mundo juvenil, como as JMJs; as visitas à Sicília eram naturais para mim, um como retorno à casa de parentes e amigos; e os jovens, eles estão ligados à missão salesiana; já a minha estadia nos Estados Unidos, abriu uma nova janela e muitas novas perspectivas sobre o mundo dos meios de comunicação de massa.

O livro pode, portanto, ser considerado um manual prático de jornalismo?

Pode, ainda que tenha nascido de maneira ocasional, como resultado de artigos solicitados por vários jornais.

A partir dessa ampla visão geral, é possível compreender de que maneira a relação Igreja-Mídia mudou nos últimos anos?

Sim, claro. Houve um percurso de partilha, ocorrido por meio das tecnologias e dos eventos, como a JMJ de Santiago de Compostela ou as beatificações, que se tornaram expressões de slogans e modelos a serem oferecidos aos nossos jovens e a todos os crentes.

Os Papas souberam aceitar o desafio da mídia: pensemos no Papa Francisco, que se comunica pelo Twitter, e que participou do programa “Che Tempo Che Fa”... Eles estão certos em comunicar desta forma?

Claro, é um fato positivo transmitir ao máximo o Magistério, ainda que um meio tenha a sua particularidade. No caso de entrevistas na televisão, fica evidente a grande responsabilidade do jornalista, que escolhe as perguntas e impõe o conteúdo; no caso do Twitter, há o risco da instrumentalização, uma vez que não há controle imediato. As redes sociais não são facilmente controláveis, mas vale a pena arriscar.

O tema proposto pelo Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2022 foi "Escutar com o ouvido do coração". Por que o senhor acha que o Papa sentiu a necessidade de "escutar"?

Porque escutar não é uma ação óbvia. Grande parte da comunicação não leva em consideração os efeitos da mensagem ou o tipo de resposta que a mensagem recebe. Muitas vezes o ‘feedback’ não se ouve! Alguns consideram a comunicação um jogo de cima para baixo; outros a consideram um jogo entre dois elementos iguais; mas é sempre um movimento que exige um momento de espera, de silêncio, para captar a ressonância de quanto j´+a dissemos.

O convite à escuta é, portanto, um convite a se informar, a dar atenção às fontes, às possíveis reações do ouvinte... A dimensão da escuta atravessa todas as dimensões da comunicação; e transcende as formas tecnológicas. Hoje, nas redes sociais, essa atenção por vezes se perde.

Também na Igreja é preciso ouvir, diz o Papa Francisco. O caminho sinodal pode ser útil neste sentido?

Espero. E penso que sim. Esse método - sinodal - deve levar nossas comunidades a se encontrarem, a se unirem, a também abrir as portas aos não crentes. Ouvir é, portanto, a base de tudo isso.

Para concluir, uma pergunta pessoal: a paixão pelo jornalismo que o animava há 40 anos ainda permanece a mesma?

Sim! Permanece a mesma. Nasceu quando era jovem, por meio de iniciativas juvenis no oratório. E, ainda hoje, sinto prazer em comunicar sensações, impressões; mas, sobretudo, ideias.

A entrevista completa está disponível sob a forma de ‘podcast’ no sítio Vatican News.

InfoANS

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