RMG – O Conselho Geral e Dom Bosco: vozes e relatos em primeira mão. A palavra ao P. Coelho

08 agosto 2022

(ANS - Roma) – Continua a iniciativa da ANS para divulgar a relação pessoal que os membros do Conselho Geral desenvolveram com Dom Bosco. A pouco mais de uma semana do 207º aniversário do Santo da Juventude, o P. Ivo Coelho, Conselheiro Geral para a Formação, nos fala um pouco de si.

Quem é Don Bosco para o senhor?

Para mim, Dom Bosco é o menino pobre, órfão de pai, que soube ouvir o que Deus lhe dizia por meio das pessoas e dos acontecimentos de sua vida; e ele ouviu tão bem que hoje o veneramos como o Pai da Juventude. Para mim, Dom Bosco é o jovem que conseguiu estudar em Chieri, embora contasse com poucos recursos e fosse vítima de humilhações, mas que soube conquistar o coração da população local e estabelecer amizades que duraram por toda a vida. Para mim, Dom Bosco é o jovem padre que conseguiu fazer a difícil escolha entre as moças da Marquesa Barolo e seus meninos. Para mim, Dom Bosco é o padre que soube se confiar à orientação e direção de Cafasso, como já havia feito com o bom P. Calosso, e como continuaria a fazer com seus outros confessores e diretores espirituais. Para mim, Dom Bosco é o padre que, apesar de uma educação e formação muito diferente, inventou o Sistema Preventivo, um fruto maravilhoso do Espírito de Deus e um dom para a Igreja e a sociedade...

Como o senhor o conheceu?

Cresci em uma paróquia salesiana, onde um jovem padre salesiano, que ainda vive, estava sempre conosco e nos contava as histórias de Dom Bosco, Domingos Sávio e Miguel Magone.

O que o levou a se tornar salesiano?

Parecia natural. Não era minha primeira intenção; como filho mais velho, eu queria ajudar a minha família. Mas o P. Mathew fez o convite e eu respondi ‘sim’. Na verdade, a pergunta foi: "Você quer ser um padre?" Ou talvez fosse ainda mais simples: "Você quer ir para Lonavla" (o aspirantado)? Ele, então, conversou com meus pais, que deram seu consentimento, o que certamente não foi fácil para eles. Foi um ato de fé da parte deles, estou ciente disso.

Qual foi seu caminho vocacional?

Escola apostólica em Lonavla, pré-noviciado em Pune, enquanto cursávamos nosso primeiro ano universitário, depois noviciado com outros 52 em Yercaud, no sul da Índia. Por fim, o convite surpreendente do jovem Inspetor para "fazer filosofia", não no pós-noviciado de Yercaud, mas em Pune, frequentando o centro de estudos dirigido pelos jesuítas "Jnana Deepa". Quatro anos de filosofia - bacharelado e licenciatura -, com residência no "Centro Juvenil Dom Bosco" em Koregaon Park, junto com outros jovens salesianos universitários; dois anos de aprendizado como assistente dos pós-noviciados, novamente na casa de Koregaon Park, porque enquanto isso a Inspetoria havia iniciado seu próprio pós-noviciado; um ano de tirocínio com os meninos em situação de rua no "Bosco Boys Home" em Borivli - Mumbai, depois profissão perpétua; quatro anos de estudo de Teologia no "Kristu Jyoti College" em Bangalore, no sul da Índia; e finalmente a ordenação sacerdotal, em Goa.

Houve algum novo "Don Bosco" para o senhor?

Eu admirava muito o jovem inspetor que soube incutir entusiasmo nos jovens salesianos. Também aprendi muito com vários de nossos formadores. E houve um, muito mais tarde, que eu ainda admiro, por sua capacidade de estabelecer relações com todos, mas especialmente com os jovens, sua paternidade, sua capacidade de dar confiança às pessoas. Ele tocou tantas pessoas, não apenas na Congregação, mas também na Família Salesiana.

Quais são as características de Dom Bosco que o senhor mais admira?

Sua fé em Deus, sua capacidade de amar os jovens, de acreditar neles, de ter tanta paciência com eles... Para mim, a leitura no Ofício para sua festa na Igreja universal é algo que me acompanha desde o tirocínio, ela havia sido sugerida pelo então responsável. Maravilhosa... para mim, a mais bela expressão de seu Sistema Preventivo. Impressiona-me pensar que um homem bastante conservador, em uma época em que a razão parecia triunfar sobre a religião, tenha escolhido a razão como um dos pilares de seu sistema educativo. E a forma como os três elementos do sistema se unem é maravilhosa: o amor preventivo de Deus no coração de tudo, a bondade amorosa (a MAKROTHYMIA de 1Cor 13.1), e a razoabilidade, que hoje se expressa facilmente como escuta, diálogo e sinodalidade.

Em sua opinião, os jovens ainda podem encontrar inspiração em Dom Bosco?

Muito. Mesmo em círculos não-cristãos. Quando a urna de Dom Bosco chegou em Nashik, Índia, contei a história de Dom Bosco a um jovem jornalista hindu. Eu o fiz em termos muito simples. "Ele era um menino pobre que soube transformar sua vida em um dom para outros jovens pobres, em um momento em que a Itália estava sofrendo as consequências da revolução industrial". Como também o jovem polaco que conheci ontem no avião, que queria conhecer "a filosofia" de Dom Bosco. Como o jovem da rua - também não cristão - que me disse a mesma coisa: "Dom Bosco era um jovem como nós, e depois se tornou nosso pai". Comovente.

Como os salesianos podem ser novos Don Bosco para os jovens?

Rezando por uma fé como a dele, por um amor muito claro e grande pelos jovens que realmente precisam de nós, e seguindo o Sistema Preventivo. Isso é tudo.

E como Don Bosco inspira seu trabalho como Conselheiro para a Formação?

Descobrimos que seu Sistema Preventivo deve ser nosso estilo de formação! Estou muito feliz que o brevíssimo 28º Capítulo Geral tenha encontrado uma maneira de afirmar isto, e que o Reitor-Mor o tenha proposto à Congregação com sua autoridade. Esperamos muito poder infundir esta convicção e estilo na revisão da Ratio. É maravilhoso que, neste sentido, encontremos enorme encorajamento por parte do Papa Francisco, em sua bela carta ao Capítulo, mas também em tantas de suas falas, oficiais e extraoficiais.

Se o senhor pudesse conhecer Dom Bosco, o que gostaria de dizer ou perguntar a ele?

Don Bosco, com sua formação ‘limitada’, como o senhor chegou ao seu maravilhoso sistema educativo"? Creio que ele me responderia que a formação não pode ser identificada apenas com momentos formais, em seu caso com o seminário em Chieri, mas com a vida como um todo, com as pessoas que Deus coloca em nosso caminho: com uma Mamãe Margarida, mas também com uma família que nem sempre foi ideal; com um P. Calosso que se encontrava em Morialdo porque tinha sido afastado de outros centros; com um P. Cottino quase desconhecido... e com os outros acontecimentos de vida e de história. Em tudo isso, Deus Pai está nos moldando de uma forma maravilhosa, através do Espírito e à imagem do Filho. E creio que só podemos pedir a Dom Bosco que reze por nós, para que sejamos fiéis, criativos, cheios de esperança e amor... e até um pouco loucos.

InfoANS

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