A Irmã Maria Troncatti é a primeira Santa do Papa Leão XIV: pedimos a Dom Cameroni que nos conte acerca da expectativa que se vive.
Em 13 de junho de 2025, no Consistório Público Ordinário, o Santo Padre Leão XIV estabeleceu as datas do rito de canonização de oito Beatos, entre os quais a Irmã Maria Troncatti (1883-1969), Filha de Maria Auxiliadora, missionária no Equador. Ela não é apenas uma das primeiras santas canonizadas pelo Papa Leão XIV, mas ‘a’ primeira santa Filha de Maria Auxiliadora depois da Cofundadora Santa Maria Domingas Mazzarello. Para toda a Igreja, especialmente para o Vicariato Apostólico de Méndez (Equador), para a FS e, em particular, para o ‘Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora’, é uma graça extraordinária e um sinal de Esperança pelo seu intenso testemunho de transmitir vida e Fé às novas gerações e aos povos originários.
Por que razão foi uma mulher “verdadeiramente apaixonada por Jesus Cristo”?
Maria Troncatti era uma mulher feliz, apaixonada por Jesus. Ela permanecia em oração diante de seu Senhor no silêncio - da noite e do amanhecer - e deixava seu coração se encher por seu Amor; e pela sua predileção pelos pobres. Todas as manhãs, às pelas 3h, 3h30, ela já estava na igreja para viver a prática da Via-Sacra. Durante o dia, segurava o rosário nas mãos e rezava junto com seus enfermos. Aos sábados, dedicava-se com afeto filial à oração do “Rosário da Aurora”.
Num caderno de noviça, escreveu: “Agora sou tua, Senhor, e quero ser tua para sempre. Ó Jesus, deixei tudo o que tinha de mais caro para vir servir-te, para santificar minha alma, para salvar almas. Sim, eixei tudo. Só tu me restas, mas tu me bastas. Jesus, torna-me santa, dá-me perseverança no estado a que me chamaste; faz com que eu te sirva sempre fielmente. Faz com que seja esquecida de todos, afasta-me de todos para ser só Tua. Dá-me muito amor, muito espírito de sacrifício, de humildade, de abnegação para ser instrumento de bem para muitas pobres Almas”.
Qual era a sua relação com Maria Auxiliadora?
O amor e a confiança em Maria Auxiliadora marcam toda a trajetória vocacional e missionária de Maria Troncatti. Em 25 de junho de 1915, durante a enchente em Varazze, a Irmã Maria, junto com outra coirmã, se salvou por milagre: “Maria Auxiliadora, prometo que, se a Sra. me salvar desta enchente, serei missionária. Prometo-lhe! Mas salve também o Giacomino” - o irmão mais novo, soldado na guerra, que se salvará. Fiel à promessa feita a Maria Auxiliadora, a Irmã Maria pede à Superiora para ser enviada em missão.
Em 4 de julho de 1969, alguns colonos incendiaram a missão dos Salesianos, porque os consideravam os “protetores” dos Chuares (‘Shuar’, etnologicamente). A Irmã Troncatti sofreu muito com esse acontecimento. Ela decidiu se oferecer a Deus como vítima de reconciliação entre os dois povos que tanto amava. No dia 5 de agosto, a Irmã Troncatti participa com verdadeira alegria espiritual da festa da Virgem Puríssima, de Macas. Então, num momento de intimidade, confia secretamente à sua Coirmã, Pierina Rusconi: “A Purísima me disse para me preparar, porque em breve algo de grave se dará comigo”. Passam-se apenas vinte dias. Em 25 de agosto, ao se despedir da comunidade para ir a Quito a fazer os Exercícios Espirituais, olhando intensamente para as Irmãs ainda abaladas, ela as tranquilizou: “Em breve, muito em breve, a paz e a tranquilidade voltarão. Eu lhes garanto!”
Ela chega à pista de pouso quando o pequeno avião, usado para o transporte de mercadorias e pessoas, já tem os motores ligados. Poucos segundos depois, ouve-se um estrondo, enquanto as sirenes da torre de controle anunciam a queda do pequeno avião. A oferta da vítima fora... aceita”.
Como sentiu a vocação missionária?
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Uma vez por mês, a professora de Maria Troncatti recebia o Boletim Salesiano, que narrava as conquistas pacíficas dos missionários e missionárias salesianos em terras distantes. Entusiasmada por esses testemunhos, ela escreveu ao Reitor-Mor, P. Miguel Rua (I Sucessor de Dom Bosco) para ser acolhida entre as Filhas de Maria Auxiliadora. Ela terá que esperar até a maioridade para poder realizar seu desejo.
No Dia Mundial das Missões, de que maneira ela foi “missionária, artesã da paz e da reconciliação”?
Significativamente, a Irmã Maria Troncatti é canonizada no Dia Mundial das Missões e no Sesquicentenário da Primeira Expedição Missionária promovida por Dom Bosco, em 1875. A Irmã Maria Troncatti é missionária porque, enquanto cuidava dos corpos, curava as almas com o amor de uma verdadeira mãe. Foi uma artesã da paz e da reconciliação, porque antes foi mulher interiormente reconciliada e sempre procurou conciliar os colonos com os índios, oferecendo-se como vítima para que entre eles houvesse paz.
Simone Baroncia
Fonte: ACI Stampa
