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Índia – “Não era digno de ser mártir”. Recordando o sequestro e a libertação do Padre Tom

29 dezembro 2017

(ANS – Mumbai) – 2017 foi um ano rico de acontecimentos para a Família Salesiana em nível global e certamente entre os muitos episódios que serão recordados com alegria e gratidão está a libertação, depois de 18 meses de sequestro, do missionário salesiano indiano P. Tom Uzhunnalil.

De sequestrado e vítima potencial a exemplo e fonte de inspiração para muitos. É o caminho do P. Tom nestes meses. Nas últimas semanas o Salesiano falou novamente do que viveu, e fez outras considerações.

“A manter-me com o moral elevado foram os versículos do evangelho nos quais Jesus diz para não se preocupar porque ‘até os cabelos da vossa cabeça estão contados’. Eu sabia, portanto, que qualquer coisa que acontecesse seria com a aprovação do Pai Celeste (...). O meu amado, bendito Pai, jamais nos faria algum mal; podem parecer sofrimentos, às vezes, mas afinal, naquilo que me diz respeito, vejo que não fui bastante afortunado ou bastante digno de ser um mártir”.

Afinal, com grande fé, concluiu o Salesiano: “Deus muda tudo em bem e vejo que os 18 meses que passei, o meu retorno ao Iêmen e, depois, a libertação... Deus serviu-se dessa oportunidade para reforçar a fé das pessoas, como prova de que Ele existe, que é um Deus vivo e responde às orações”.

Por sua vez, o P. Muttathuparambil, também indiano e companheiro de missão no Iêmen, recorda com grande clareza os fatos de 4 de março de 2016. Ir. Sally, a Superiora das Missionárias da Caridade em Áden, chamou-o atônita ao telefone. “Contou-me a cena do ataque, pedindo-me para telefonar à Casa Geral das Missionárias em Calcutá, a Dom Hinder, Vigário Apostólico para a Arábia Meridional, e ao Inspetor salesiano de Bangalore. Eu os contatei e disse tudo o que acontecera.

Enquanto quatro de suas irmãs – Anselm, Marguerite, Regina e Judith – e outras 12 pessoas foram mortas, Ir. Sally escondera-se atrás da porta do frigorífico na cozinha. Os agressores entraram ali várias vezes, mas não olharam atrás da porta.

“Para mim, foi algo incrível”, conta do P. Muttathuparambil, na época em Taiz, a cerca de 180 km de Áden. Embora naqueles dias o Iêmen já estivesse dilacerado pela guerra civil que ainda continua, o Salesiano sentia-se seguro em Taiz, pois não era um território contestado, mas sob o controle dos rebeldes. Estava, porém, preocupadíssimo com o P. Tom. “Expus o Santíssimo e com algumas irmãs rezamos a noite toda”, diz.

No dia 10 de março, o P. Muttathuparambil foi para Sana’a, porque o seu passaporte estava para perder a validade e deveria voltar à pátria; programara retornar depois de dois meses, mas os seus superiores decidiram que a situação era muito arriscada.

O P. Muttathuparambil continuou a rezar, como todos, pelo P. Tom, e veio a saber da sua libertação sem qualquer pré-aviso, como a maioria das pessoas, das mídias.

Hoje, P. Muttathuparambil reza para que a guerra no Iêmen termine logo: “os pobres estão sofrendo, os inocentes sofrem, a guerra não é a solução”. E, embora a guerra tenha levado os Salesianos para fora do país, acredita que a ausência deles é apenas temporária. “Quanto for o momento, voltaremos”, conclui.

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