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Brasil – Salesianos entre os Bororo: empenho por um desenvolvimento integral

08 março 2018

(ANS – Coxipó da Ponte) – O Sr. Mário Bordignon, Salesiano Coadjutor, 71 anos, vive há mais de 30 anos com os Bororo, indígenas do Mato Grosso (MT), no Brasil. Além da evangelização, empenha-se o salesiano pelo trabalho de preservação da cultura local, por favorecer sua autossustentação e por ajudá-los a defender os próprios direitos perante os que anseiam por espezinhá-los.

“Um dentre os nossos deveres missionários é defender a identidade de um Povo – explica o Sr. Bordignon – . Penso que hoje seja mais difícil: a interferência da sociedade ocidental nas culturas indígenas é muito forte. É a face negativa do progresso – prossegue – . Se por um lado uma máquina fotográfica ou uma videocâmera são instrumentos preciosos para preservar a cultura, por outro, através de celulares, radinhos, televisão, etc., a cultura dominante invade tudo”.

Por isso, desde que o Sr. Bordignon chegou ao Mato Grosso, a atividade em que mais se empenhou foi a criação em Merúri de uma escola diferenciada “que faça conhecer a cultura nacional sem que se perca a riquíssima cultura bororo. Pouco a pouco fomos realizando uma escola bilíngue intercultural, envolvendo outrossim os idosos. E hoje a escola está nas mãos dos Bororo: foram preparados os Professores, que perfizeram os estudos universitários” – diz com orgulho o Salesiano.

Outros temas críticos são: a sustentação econômica dos indígenas e o respeito aos seus direitos. “O consumismo chegou também aqui: os Bororo sofreram uma passagem – brusca! – da economia tradicional àquela ocidental: é-lhes difícil compreender e assimilar os mecanismos. É fácil comprar, mas, sem compreender o processo de produção, com frequência se... perdem”.

Os Salesianos, nas Missões acompanham os Bororo na demarcação de suas terras. “Já tinham sido criadas ‘reservas oficiais reconhecidas, mas os fazendeiros (latifundiários) as ocuparam. Os Bororo devem recuperar suas terras: as únicas com um pouco de vegetação no Brasil, e por isso importantes também para toda a Nação”.

Depois de 30 anos na missão, o Sr. Bordignon pode afirmar: “Aprendi demais com os Bororo. P. ex.: participando certa vez de um funeral bororo, impressionou-me isto: tudo quanto pertencia ao morto estava sendo queimado. ‘Escandalizado’, perguntei por quê. E o meu ‘padrinho’ respondeu: «O que vale numa pessoa não são suas coisas, mas o que tem dentro, sua moral, sua cultura, seu saber». Fiquei calado. Aprendi”.

Fonte: Missioni Don Bosco

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