Eurica Mapule Mokaba foi animadora voluntária do Centro Juvenil Salesiano de Joanesburgo. Segue abaixo o relato do que ocorreu em sua comunidade, Orange Farm, e a atitude que ela tomou como resposta. “Um grande exemplo do que queremos dizer com 'honesto cidadão'”, afirmou Clarence Watts, Delegado de Comunicação Social da Visitadoria da África Meridional (AFM).
“Enquanto algumas pessoas saqueavam as lojas de departamentos Spar, eu estava com a TV ligada, assistindo aos saques que estavam ocorrendo em outros centros comerciais. Da minha casa, eu conseguia ouvir a multidão do lado de fora; então decidi sair para olhar e me deparei com pessoas de todas as idades, correndo e levando garrafas de bebidas alcoólicas, comida... Essas cenas partiram meu coração.
Moro a cinco minutos do Spar. Quando soube que estavam procurando voluntários para limpar e reorganizar os armazéns, entrei em contato com eles e me ofereci como voluntária. Perguntei se era necessário apresentar algum certificado, uma vez que não queria que a polícia me confundisse com os saqueadores.
A loja saqueada já havia apoiado vários projetos na minha comunidade e sempre serviu bem a mim e à minha família, com seus funcionários sempre sorridentes e prestativos. Além disso, estou desempregada e não queria ficar olhando enquanto os funcionários da loja perdiam seus empregos devido à loucura ou à maldade de outras pessoas.
Como Animadora da minha Comunidade Eclesial, senti-me chamada a dar o exemplo. Então, às 9 da manhã, me dirigi ao ‘shopping’ levando uma vassoura.
Enquanto eu caminhava em direção ao Spar, levando uma vassoura, várias pessoas me pararam, questionando; não conseguiam compreender por que era eu que tinha que limpar. Algumas pessoas pensam assim: ‘Se eu não quebrei, não vou consertar nem trabalhar de graça’. Eles não entendem o conceito de voluntariado nem a ideia de ajudar a formar uma comunidade melhor.
Enfim, depois de limpar o local, me senti muito melhor; a equipe da loja me agradeceu muito.
Ainda há um longo caminho a ser percorrido no sentido de educar as pessoas a se ‘voluntariarem’, a se ajudarem mutuamente, a pararem de saquear e levar o que não lhes pertence.
Quando voltei para casa a pé, embora suja e com as costas doloridas, me sentia muito feliz. E aqueles que encontrei pelo caminho finalmente compreenderam o conceito de ajudar a própria comunidade e de cuidar do que se tem”.