Ucrânia – A tenacidade de uma jovem refugiada: "Mesmo que bombardeiem nossas escolas, não podem destruir nosso desejo de aprender"

23 março 2022

(ANS - Zhytomyr) - Uma oração ecumênica para implorar a paz: é ela que, há dias, diversos representantes das igrejas cristãs de Zhytomyr recitam, junto com os fiéis, diariamente embaixo da grande bandeira ucraniana hasteada. “Senhor, nestes tempos difíceis, pedimos que nos ensine a combater o medo. O temor de Deus é o mais importante: quem coloca o temor de Deus em primeiro lugar pode controlar o medo da morte, do sofrimento e das perdas. Ajude-nos, neste momento de provação, a colocar-Te em primeiro lugar”, é a oração comovente oferecida pelo P. Michał Wocial SDB, entre uma sirene de alerta e outra.

Há cerca de um mês, a vida das comunidades salesianas da Ucrânia virou do avesso por conta da guerra que marca todas as atividades, inclusive a oração. O P. Wocial atua desde a organização das necessidades básicas recebidas e redirecionadas aos necessitados, até a bênção dos fugitivos, que fazem fila para recebê-la antes de partir.

Mesmo além das fronteiras de sua terra natal, muitos ucranianos, ainda que fisicamente seguros, continuam a sofrer por sua nação agredida e por seus entes queridos, que ainda se encontram no país. Kilina, refugiada com seus três filhos em Varsóvia, ainda não apagou do seu celular o aplicativo que alerta para o perigo dos bombardeios. "Quando o alarme de ataque aéreo dispara em Leópolis, meu telefone também toca, então ligo imediatamente para os meus parentes para verificar se eles estão bem e me certificar de que eles tenham descido ao porão da casa, onde é mais seguro. Aqui nos sentimos seguros, mas vivemos 24 horas por dia preocupados com nossas famílias e nosso país”, confessou a mulher a Alberto López, enviado de “Misiones Salesianas” no local.

No grupo também está Yarina, 16 anos, que deixou Leópolis, com sua mãe, no dia em que a guerra começou. "A melhor coisa que podemos fazer para não pensar na guerra é nos mantermos ocupados", diz a mãe da menina, que está em busca de emprego na Polônia enquanto a filha estuda e se conecta diariamente com sua escola na Ucrânia, numa tentativa de manter tudo o mais possível dentro de uma certa normalidade. De fato, demonstrando uma grande resiliência, Yarina testemunha: “Mesmo que bombardeiem nossas escolas, não podem destruir nossa cultura e nosso desejo de aprender”.

Para todos os jovens – e não tão jovens – refugiados, a Família Salesiana de todo o mundo está fazendo de tudo, e muito mais.

Há aqueles que, mesmo fisicamente distantes, continuam enviando ajuda econômica: como o Conselho Mundial da Associação dos Cooperadores Salesianos; a Visitadoria de Papua-Nova Guiné–Ilhas Salomão (PGS), que destinou a coleta quaresmal para ajudar a população ucraniana; a Inspetoria da Grã-Bretanha (GBR), que pela mesma causa fez uma segunda doação, com o dobro do valor da primeira; ou o esforço das Procuradorias Missionárias Salesianas, como "Missão Dom Bosco", de Portugal, e "Por Los Jóvenes", da Argentina, cada uma por meio de sua própria campanha.

Há quem não se canse de acolher refugiados, como a Inspetoria da República Checa (CEP) que, num país que já acolheu cerca de 213 mil refugiados - numa população de cerca de 10 milhões –, faz a sua parte acolhendo mais de 200 pessoas, quase a metade crianças. “Fornecemos alimentação, orientação social básica e acomodação em dormitórios, uma vez até o momento não foi necessário ocupar o ginásio ou os salões - informa o P. Vojtěch Sivek, Vigário e Delegado Inspetorial para a Pastoral Juvenil da CEP - . Também oferecemos as atividades do oratório, com programas direcionados às crianças ucranianas, colaboramos com professores e psicólogos de língua ucraniana, e ajudamos na busca por emprego. Quanto às coletas, distribuímos as doações em dinheiro e em espécie por meio das ONGs e de contatos pessoais na Ucrânia, Eslováquia ou Polônia”.

Por fim, algumas pessoas também se prestam para realizar tarefas mais humildes ou simples, mas necessárias, para oferecer o que é necessário aos refugiados recebidos: transportar as cargas de ajuda humanitária, carregar e descarregar caixas, limpar os salões e ambientes montados para receber os refugiados...

“Procuramos manter nossas esperanças e preparar uma assistência de longo prazo, especialmente em relação àqueles que estão mais próximos dos salesianos: as crianças e os jovens” – diz um voluntário da República Tcheca.

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