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Todos queremos sentir-nos especiais e ser considerados pelos outros
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09 fevereiro 2018

Segundo a teoria das necessidades, do psicólogo estadunidense Abraham Maslow, a pessoa humana é um ser que, para sobreviver, necessita saciar uma série de necessidades fundamentais. Não somente físicas. Também sociais.

As redes sociais hoje têm um enorme sucesso porque satisfazem algumas dessas necessidades sociais básicas: coligam as pessoas, formam "comunidade", criam espaços para o diálogo e o encontro. As redes se transformam assim em lugares em que cada pessoa projeta e constitui um ‘nós’ que espelha os próprios valores, defeitos, crenças, e até os próprios temores.

Antes de publicar um ‘post’ ou partilhar uma foto nos próprios perfis, as pessoas, consciente ou inconscientemente, avaliam: o que pensarão os outros acerca disto que partilho? Que diz de mim quanto estou a inserir na rede? Que imagem estou a projetar?

Este tipo de avaliação responde tanto à nossa necessidade de autoestima e reconhecimento quanto também ao desejo de emergir no interior do nosso grupo social, para assim sentir-nos mais importantes e fortalecer a nossa autoestima.

Para uma pessoa normal esse tipo de interação nas comunidades virtuais é somente um dos tantos parâmetros da própria vida social. Mas, para quem tem problemas de autoestima, torna-se um aspecto determinante para a sua própria imagem pessoal.

Pode-se assim compreender por que haja muitíssimas pessoas que, em seu anseio por aparecer e querer ser como a pessoa que admiram, chegam a criar ‘account’, ou perfis falsos, de personagens públicas. Não importa que de saída se queira adular a Pessoa admirada. No fim trata-se de uma mentira.

É algo que muitas pessoas dizem fazer de boa fé. Sem intenção de prejudicar ninguém. Mas infelizmente é isso que fazem. Porque em tal fazendo, se cria um mal-entendido. A situação torna-se ainda mais complicada quando, para prejudicar ou difamar alguém, se roubam identidades.

Tal feito, além disso, causa um profundo dano à pessoa que o pratica: impede-lhe de interagir com os demais num intercâmbio sincero, livre, autêntico, porque distorce desde o princípio a finalidade de uma comunicação, de uma relação. Infelizmente, como sustenta Maslow, um relacionamento baseado numa mentira continuará a fortalecer a sensação de impotência e solidão, própria de quem endossa esse tipo de máscara.

As redes sociais dispõem de um grande potencial. Mas esses tipos de comportamento estão se tornando cada vez mais comuns. O Papa Francisco tem convidado em muitas ocasiões a estar atentos e a colocar a inteligência a serviço da verdade e do amor. Doutra forma as nossas interações nas redes sociais virão tingidas de mentira e divisão, destituídas de qualquer diálogo útil e construtivo.

Todos ansiamos por aceitação e reconhecimento. E queremos ser amados e admirados. Mas muitas pessoas que não se sentem felizes consigo mesmas recorrem a este tipo de comportamento, que de algum modo se revela um lenitivo para a sua própria solidão.

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