Itália – Dom Bosco volta ao cárcere dos jovens

03 fevereiro 2023
Foto ©: La Voce e il Tempo

(ANS - Turim) - Um acontecimento histórico, uma obra de misericórdia, um gesto fortemente sugestivo, um ato de amor à maneira de Dom Bosco: são muitas as conotações da visita que o P. Ángel Fernández Artime, Reitor-Mor dos Salesianos, fez, na manhã de quarta-feira, 1º de fevereiro, ao Instituto Penitenciário Juvenil "Ferrante Aporti" (IPM, em italiano; M=Minorile), de Turim, que já foi a penitenciária "Generala" tantas vezes visitada por Dom Bosco e lugar que o inspirou a criar os oratórios como antídoto contra a delinquência juvenil.

"Quando você volta?", pergunta um dos 34 meninos detidos no "Ferrante Aporti", com os olhos marejados, ao cumprimentar o X Sucessor de Dom Bosco, que quis concluir as celebrações do Santo dos Jovens justamente no IPM do Corso Unione Sovietica. E não há lugar mais significativo do que “Ferrante” para compreender o carisma de Dom Bosco, que dizia: “Basta que sejais jovem para que eu vos ame muito”, como bem lembrou o P. Á. F. Artime ao cumprimentar os meninos um a um e perguntar sobre sua história e origem: "Sou romeno", "Sou egípcio", "Sou de Tânger".

“Já estive em seus belos países para visitar nossas comunidades e nossos jovens. Conheço algumas palavras de suas línguas: eu sou espanhol, nasci na Galícia e sou filho de pescador... Estudei teologia e filosofia, mas entendo muito mais de pesca, coisa que meu pai me ensinou”. Desta forma o Reitor-Mor se apresentou aos meninos que se encontravam reunidos na sala de recreação, depois de uma pequena apresentação sobre Dom Bosco dirigida pelos Noviços salesianos do Colle Don Bosco que, todas as sextas-feiras, acompanhados de seu mestre, P. Enrico Ponte, animam o "pátio por trás das grades".

“É por isso que, há 43 anos, escolhi ser salesiano - continuou o Reitor-Mor - queria ser médico, mas depois compreendi que Dom Bosco me chamava para curar as almas dos mais jovens, porque não existem rapazes e moças bons ou maus: existem jovens que-tiveram-menos; e, como dizia o nosso Santo, “em cada jovem, mesmo no (moralmente) mais infeliz, há um ponto acessível ao bem, e o primeiro dever do educador é encontrar esse ponto, esta corda sensível do coração, e aproveitá-la”. É por isso que nós, salesianos, amamos os jovens. Todos nós podemos cometer erros, mas se ‘você’ acreditar em si e confiar em seus educadores, você se sairá melhor. Meu sonho é encontrar todos vocês em Valdocco, junto com os jovens que saudei ontem na festa do nosso santo”.

A visita do P. Á.F. Artime é histórica, uma vez que nunca, depois de Dom Bosco, um de seus sucessores havia entrado no "Ferrante": o encontro com os jovens detidos – primeiro nas Prisões Senatoriais de Turim em 1841 e, depois, na "Generala" em 1855 (assim era o nome do IPM, então reformatório para menores) – foi a centelha que levou o santo de Turim a buscar soluções "preventivas" para a desordem em que caíam milhares de adolescentes nos subúrbios de Turim. Foi durante as repetidas visitas que fez à "Generala", a convite de seu pai espiritual, P. Giuseppe (José) Cafasso, que nasceu o "Sistema Preventivo", pilar do sistema educativo que faria de Dom Bosco o "Santo dos oratórios".

Dom Bosco sentiu que, se houvesse uma família sólida, uma comunidade acolhedora e uma escola com adultos significativos, não haveria... prisões. E foi a partir daquelas tardes passadas com os "jovens travessos e inseguros" que o santo teve a ideia do seu Oratório. De fato, como recordou o Reitor-Mor, Dom Bosco pediu permissão para levar consigo os meninos para uma viagem fora da cidade: O Diretor da Generala concordou, mas com uma condição: se apenas um dos jovens não voltasse, quem iria para a prisão seria Dom Bosco. No entanto, todos voltaram para o seu lugar. Aquelas palavras impactaram os rapazes que ouviam o P. Á.F. Artime em silêncio, algo incomum por ali – comentaram os educadores e agentes, no final do encontro.

A presença do carisma de Dom Bosco no Ferrante nunca falhou: de fato, uma placa na ala mais antiga do Instituto recorda suas visitas à Generala e é tradição que os capelães de lá sejam... salesianos. Entre os capelães "históricos" está o querido P. Domenico Ricca, que se aposentou no ano passado após mais de 40 anos de serviço. Seu coirmão P. Silvano Oni assumiu e organizou a visita do Reitor-Mor com a colaboração da Vice-Diretora Gabriella Picco, dos formadores, professores e educadores.

“Nestes dias enviaremos uma carta ao Papa Francisco – anuncia o P. Silvano – com fotos do presépio que montamos para o Natal com os rapazes, em sua maioria não cristãos: por isso é um presépio em quais os personagens não têm rostos definidos. Próximo à cabana do presépio, do mar, um barco se aproxima com muitos jovens migrantes, exatamente como alguns de nossos jovens, que precisaram deixar suas terras e agora se encontram ali, sozinhos e vítimas da ilegalidade. O salva-vidas deles, por enquanto, somos nós. E o pedido ao Reitor-Mor para voltar a eles, é o sinal de que Dom Bosco ainda toca a corda do coração dos jovens mais frágeis de hoje".

InfoANS

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