“Em Goma a situação não melhorou, ao contrário, depois de ouvir meus Coirmãos e responsável pelo Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento (VIS), comprometidos na ajuda humanitária, envio uma mensagem para atualizar sobre a situação dos deslocados e as ações dos Salesianos e o VIS para ajudá-los” - diz o P. Piero Gavioli, italiano, salesiano missionário no Congo há quase 50 anos.
Em todas as celebrações e reuniões da sua visita ao país, o Papa Francisco denunciou claramente a insensatez desta guerra e as razões econômicas que a fazem perdurar – em primeiro lugar, a exploração das imensas riquezas do subsolo - , e convidou todos os responsáveis para um compromisso mais claro e contundente com a justiça e para o bem comum.
Entretanto, em janeiro de 2023, os militares rebeldes avançaram e cortaram a segunda principal via que abastecia a cidade de Goma com vários produtos, depois de ter cortado a primeira no final de 2022. Como resultado, a maior parte da população e das aldeias vizinhas fugiru e a situação em Kivu do Norte piorou consideravelmente. Fala-se de massacres, abusos sexuais, tráfico de órgãos, recrutamento de menores, sequestro de pessoas para exigir resgate…
"Esta última onda de violência – diz ainda o missionário - levou dezenas de milhares de pessoas a deixar suas casas em busca de relativa segurança nas várias regiões da província de Kivu do Norte, incluindo Goma, e encheu de refugiados temporários os três campos de futebol do Centro Dom Bosco Ngangi. Os últimos dados apontam cerca de 3.530 núcleos familiares, num total de 26.000 pessoas, das quais mais de 19.000 menores (10.184 meninas e 9.043 meninos). É uma situação de emergência que realmente enche de aflição os operadores humanitários, os membros da sociedade e todos os seres humanos em geral, que desejam ajudar uma comunidade em dificuldade”.
O site de Ngangi não é um site oficial, ou seja, não é servido por organizações estatais e paraestatais. Por meio do VIS, os salesianos responderam à emergência com diversas iniciativas em vários setores (alimentação, higiene, saúde, segurança):
- distribuição de mingau de soja e milho para 365 crianças desabrigadas e 357 adultos;
- distribuição pontual de alimentos e utensílios de cozinha para 300 famílias;
- distribuição de lonas para 120 famílias;
- acesso à água através da instalação de torneiras no Centro Dom Bosco;
- conscientização sobre higiene e saneamento;
- consultas médicas para 1.844 pessoas, das quais 84 foram internadas, 32 transferidas e 14 partos;
- iluminação do local;
- criação de um comitê de segurança de 12 pessoas para prevenção de abusos.
Dado que, aparentemente, o problema não se haverá de resolver em breve, o Centro Dom Bosco e o VIS estão planejando o lançamento de um projeto maior para cuidar deste centro de deslocados, incluindo acompanhamento psicológico e social das pessoas e, sobretudo, formas de educação para os menores presentes no local.
“Rezemos juntos para que Deus nos abençoe e nos dê a paz, no Congo e em todos os lugares” – conclui o P. Gavioli.
É possível fazer uma transferência bancária para ajudar os salesianos da República Democrática do Congo. As coordenadas estão disponíveis no pdf anexo.
