Estados Unidos – Adeus ao P. Lenti, grande difusor da figura de Dom Bosco

07 janeiro 2022

(ANS – Downey) – Com mensagem enviada aos salesianos da Inspetoria “Santo André, dos Estados Unidos-Oeste (SUO), o Superior P. Melchor Trinidad comunicou a morte – ocorrida ontem, 6 de janeiro, no hospital de Downey, Los Angeles, Califórnia – do P. Arthur (Artur) J. Lenti, salesiano, conhecido em toda a Congregação e mesmo além, por seus escritos sobre Dom Bosco e em particular por sua alentada obra “Don Bosco: History and Spirit” (Dom Bosco: História e Espírito), cujos sete volumes, já vertidos a várias línguas, se tornaram clássicos da literatura salesiana.

O P. Lenti nasceu em 31 de janeiro (exatamente no dia da festa de Dom Bosco) de 1923, em Bassignana, província de Alexandria, Piemonte. Tendo entrado no noviciado do Colle Don Bosco em 1939, emitiu a primeira profissão já nos Estados Unidos, em Newton, aos 14 de setembro de 1940; e a perpétua em 10 de agosto de 1946, sendo ordenado sacerdote em Turim, na Basílica de Maria Auxiliadora, aos 2 de julho do 1950.

Viveu praticamente toda a vida salesiana em sua pátria de adoção – Os Estados Unidos da América - , expendendo os seus talentos sobretudo no apostolado do ensino e da pesquisa, como docente de Sagrada Escritura, como fundador e professor do “Don Bosco Hall” (1974) e do Instituto de Espiritualidade Salesiana, de Berkeley-CA (1984).

Numerosos foram os seus escritos sobre o Fundador da Congregação. No “Don Bosco. His pope and his bishop”, por exemplo, ele se concentrava no relacionamento do Santo dos Jovens com Pio IX e com o Arcebispo de Turim, Dom Lourenço Gastaldi.

Mas a obra pela qual o P. Lenti será lembrado é certamente o seu “Dom Bosco. História e Espírito”, da qual o mesmo autor disse: “Pus o título "Dom Bosco, História e Espírito" porque é a "história" da vida e do trabalho de Dom Bosco numa epoca especial, que engendrou uma nova realidade religiosa e política, e que portanto configurou também o seu modo de pensar e de agir. "Espírito", porque através do discernimento, da interpretação e da aceitação, Dom Bosco descobriu o significado desse novo mundo, respondendo com coragem aos desafios que dele emanavam: a sua vocação”.

Os volumes, nascidos de subsídios de classe, foram ao depois ampliados com apêndices de grande utilidade e valor.

Sobre a mesma obra, à época da sua publicação em inglês, o então Conselheiro para a Formação, depois Vigário do Reitor-Mor, P. Francisco Cereda, escreveu: “Agora o mundo de língua inglesa possui uma referência autorizada para garantir o conhecimento da história e do espírito salesiano; e portanto para fortalecer a identidade carismática. É outrossim agora necessária uma grande solicitude para difundir e utilizar esse trabalho, especialmente em todas as fases da formação inicial”.

E quando o texto foi publicado em espanhol com o título «Dom Bosco: História e Carisma», aos cuidados do P. Juan José Bartolomé e P. Jesús Graciliano González, as recensões sublinharam o valor do Autor, “definindo-o um historiador que sabe individuar o fio condutor e unir as vicissitudes humanas, fixando-lhes de modo objetivo a lembrança”, acrescentando: “Recorrendo à hermenêutica, o P. Lenti individua, valoriza, contrasta e, com freqüência, corrige, documentos e interpretações sobre Dom Bosco considerados, até pouco, indubitáveis. Abate com força e definitivamente mitos e visões superficiais... Opera straordinaria. Piena di temi e percorsi. Eccellente lo sforzo e la realizzazione, dove si uniscono armoniosamente una visione realistica della vita e dell’opera di Don Bosco e la sua autentica motivazione religiosa”.

Neste ano de 2022, em que a Congregação se prepara para celebrar o 400° Aniversário de Morte de S. Francisco de Sales e aprofundar-lhe a figura através da Estreia do Reitor-Mor sob o tema “Fazei tudo por amor, nada por força”, pode ser útil também ler algumas das linhas que o P. Lenti dedicou à espiritualidade “salesiana” de Dom Bosco:

Como Salesianos, podemos entender a “espiritualidade” um como meio no qual nos movemos e nos relacionamos com os irmãos da comunidade, com os jovens, com as pessoas que participam conosco da missão de educação-evangelização da juventude; com o povo, em geral.

Basicamente, a espiritualidade é amor, é caridade. Não devemos ser “artificiais” nisso. Em termos práticos, se substituirmos o termo espiritualidade com outro que, talvez, nos ajude a expressar nossa ideia de modo melhor, poderíamos usar termos como amor, caridade, amizade, desejo de ajudar, disponibilidade aos outros, etc. Tomados em conjunto, estes termos poderiam definir bem a espiritualidade do cotidiano como Dom Bosco a entendia.

Neste aspecto pode-se ver claramente a influência de S. Francisco de Sales. Estamos praticamente certos de que Dom Bosco conheceu bem a ‘Introdução à Vida Devota’ (Filotea), obra-mestra do santo bispo de Genebra. É bom recordar também que Dom Bosco viveu como um místico, ou seja, com uma intensa união com Deus, com os santos, especialmente com a Virgem, com quem conversava com autêntica familiaridade. Mas ele entendeu, também, a vida mística (espiritual) como amor cristão na prática, vivido no apostolado.

Neste sentido, nossa espiritualidade não tem horários e é vivida cotidianamente, de modo especial no trato com os outros”.

InfoANS

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